Benim: Católicos ajudaram a democratizar país

Transição política da nação da África ocidental tida como exemplo para o continente

Lisboa, 17 nov 2011 (Ecclesia) – O contributo dos católicos para a democracia no Benim, país que o Papa visita a partir de sexta-feira, deu origem à obra ‘Católicos de África’, de Susanna Cannelli, apresentada esta terça-feira no Vaticano.

O livro destaca o papel da Conferência Episcopal, em 1990, durante os dias que ditaram o fim da ditadura marxista e a passagem para um regime democrático, sem derramamento de sangue.

Cannelli, responsável da comunidade católica de Santo Egídio para as relações com os países da África ocidental francófona, fala num “contributo fundamental” da Igreja, liderada então pelo arcebispo Isidore de Souza (1934-1999), nesta transição.

A mudança de regime no Benim serve, segundo o historiador Agostino Giovagnoli, como “modelo” para outras transições democráticas no continente africano.

Na conferência marcou presença o secretário do Conselho Pontifício da Cultura, D. Barthélemy Adoukonou, natural do Benim, para quem “é preciso reconhecer que são os católicos, na diversidade dos seus movimentos e associações, quem contribuiu para assegurar uma presença da Igreja tão eficaz e credível”.

Antiga colónia francesa, o país alcançou a independência em agosto de 1960, com o nome de República de Daomé.

Em 1975 o país adotou o atual nome de Benim, tendo como capital constitucional Porto Novo, embora Cotonou seja a sede do Governo e a maior cidade do país.

Nicéphore Soglo, chefe do governo de transição formado em 1990, foi eleito presidente em 1991.

D. Barthélemy Adoukonou afirma que “o compromisso social da Igreja permitiu o compromisso político”, permitindo que o Benim conseguisse “articular um discurso de identidade pessoal e de independência”.

O país da África ocidental, considerado o berço do vudu, religião tradicional, conta com uma comunidade de 2,98 milhões de católicos, representando 34% de uma população de quase 9 milhões de pessoas.

A viagem do Papa assinala o 150.º aniversário da evangelização do Benim e o 40.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre o país e a Santa Sé.

Trata-se da segunda visita de Bento XVI a África, após a viagem aos Camarões e Angola (2009), na qual vai ser publicada a exortação apostólica que encerra o segundo sínodo de bispos africanos, realizado há dois anos, no Vaticano.

O Papa vai ainda homenagear o cardeal Bernardin Gantin, falecido a 13 de maio de 2008, prefeito da Congregação para os Bispos na mesma época que o então cardeal Joseph Ratzinger era prefeito da Congregação para Doutrina da fé.

O seu túmulo está localizado em Ajudá, a 40 km de Cotonou, uma cidade costeira que acolheu os primeiros missionários católicos.

No século XVII, os portugueses estabeleceram entrepostos no litoral, conhecido então como “Costa dos Escravos”, e ainda hoje se destaca a Fortaleza de São João Baptista de Ajudá.

A Igreja Católica no Benim tem 10 dioceses, 338 paróquias e 801 centros pastorais, aos quais se dedicam 11 bispos, 811 sacerdotes, 1386 religiosos e religiosas, 30 membros leigos de institutos seculares e 11 251 catequistas.

Na véspera da chegada do Papa, as ruas de Cotonou já mostram as bandeiras do Benim e do Vaticano.

“É um evento que nos supera, para ser sincero, mas estamos felizes”, admitiu à AFP o padre André Quenum, membro do comité organizador, o qual espera a chegada de muitos fiéis de outros países africanos.

RV/OC

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