Benim: Áfricas nas mãos do Papa

Novo documento de Bento XVI encerra percurso do segundo Sínodo para o continente, que decorreu no Vaticano em 2009

Lisboa, 16 nov 2011 (Ecclesia) – As propostas que os bispos africanos entregaram ao Papa, em 2009, vão estar na base do próximo documento de Bento XVI, a exortação apostólica pós-sinodal ‘Africae Munus – O compromisso de África’, que vai ser publicada no Benim.

Bento XVI parte sexta-feira para a sua segunda viagem a África, levando consigo este texto de orientação para os católicos locais, com uma versão em português, que conclui o percurso da II Assembleia Especial para a África, do Sínodo dos Bispos, realizada de 4 a 25 de outubro de 2009 no Vaticano, sobre o tema ‘A Igreja na África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz’.

No final dessa reunião magna, os participantes aprovaram o documento conclusivo dos seus trabalhos, no qual apresentam 57 propostas (proposições).

Os bispos africanos pedem o fim dos conflitos armados e da pena de morte no continente, propondo a criação de um “fundo de solidariedade continental” para o combate à pobreza, que seria gerido pela Caritas.

Das propostas sai também o apelo em favor de um tratado internacional sobre o comércio de armas e pela abolição das armas nucleares, biológicas ou de destruição em massa.

No centro do documento estão temas como o diálogo inter-religioso, em especial com o Islão e as religiões tradicionais, a defesa do ambiente, a necessidade de democracia em toda a África – em especial face à “expansão” de sistemas despóticos e militares -, a defesa da família ou a atenção aos fenómenos migratórios.

Os participantes no Sínodo de 2009 pediram o perdão da dívida externa e deixaram votos de que os recursos naturais, em especial a água e a terra, sejam geridos a nível local, sem a exploração das multinacionais.

Os bispos de África dizem “não” à corrupção dos políticos e pede maior atenção para as mulheres, crianças e pessoas com deficiência.

Aos governos é pedido que acabem com o drama dos homicídios e dos sequestros, promovendo também uma justa redistribuição dos bens, para criar melhores condições de vida e evitar a chamada “fuga de cérebros”.

SIDA, malária, droga e álcool são outras realidades que preocuparam os padres sinodais, para quem a África deve recusar “estilos de vida promíscuos” que alimentam a sua difusão.

À comunidade internacional é pedido que facilite o acesso aos medicamentos e a produção de vacinas, a baixo custo.

“A SIDA é uma pandemia que, juntamente com a malária e a tuberculose, está a dizimar as populações africanas, atingindo duramente a sua vida económica e social. Não pode ser encarada como um mero problema médico ou farmacêutico, nem apenas como uma questão de mudança do comportamento humano”, referem os bispos.

Segundo o documento, “os que sofrem de SIDA em África são vítimas de injustiças, porque frequentemente não recebem a mesma qualidade de tratamento do que noutras partes do planeta”.

“A Igreja pede que os fundos destinados aos doentes de SIDA sejam realmente usados para este fim e recomenda que os pacientes africanos recebam a mesma qualidade de tratamentos que se recebem na Europa”, pode ler-se.

As conclusões, que servem de base à exortação pós-sinodal do Papa, referem ainda que “a malária continua a ser a maior causa de morte em África e ilhas adjacentes, contribuindo grandemente para o agravamento da pobreza”.

Bento XVI, regressa a África, após a viagem que realizou aos Camarões e Angola, em março de 2009.

A página oficial da visita, que decorre entre sexta-feira e domingo, é www.papeaubenin.org

OC

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Agência ECCLESIA

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