Bênção do Papa para Cuba

Número dois do Vaticano parte para Havana em viagem «eclesial» O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, chegou esta Quarta-feira a Cuba para uma visita de seis dias que visa assinalar o 10.º aniversário da histórica visita do Papa João Paulo II a Cuba, em Janeiro de 1988. “Bento XVI deu-me uma bênção especial para todos os cubanos, do líder máximo a toda a população”, revelou ontem o braço direito do Papa, em Roma. Em entrevista ao jornal católico italiano Avvenire, o Cardeal Bertone não excluiu a possibilidade de uma viagem do Papa a Cuba. “Até agora não foi possível, no futuro logo se verá”, afirmou, lembrando que o próprio Fidel Castro convidou Bento XVI a visitar o país. Antes de partir para Havana, o Cardeal Bertone quis precisa que a sua visita não é política, mas “eclesial”, destinada à Igreja Católica na Ilha. Fidel Castro renunciou Terça feira à Presidência do Conselho de Estado de Cuba, após ter estado afastado oficialmente do poder há cerca de 19 meses, devido a doença. “Não concebo a minha actividade em chave geopolítica, mas eclesial, e esta viagem não é uma excepção”, declarou o Cardeal italiano. “Vou a Cuba para visitar, sobretudo, a Igreja local que, apesar das conhecidas dificuldades, possui uma grande vitalidade”, explicou. O Secretário de Estado do Vaticano esclarece que, de momento, não está previsto um encontro com Fidel Castro – que o Cardeal Bertone visitou em Outubro de 2005, ainda como Arcebispo de Génova – mas está programada uma reunião com uma delegação governamental. “O resto ver-se-á durante a permanência na Ilha”, anunciou. Durante a viagem, o Cardeal Bertone presidirá a várias missas e irá inaugurar um monumento dedicado a João Paulo II em Santa Clara, local onde o Papa celebrou em 1998. Hoje, dia 21, o Cardeal italiano celebra na Catedral de Havana. Dois dias depois, desloca-se a Santiago de Cuba, para visitar o Santuário de Nossa Senhora da Caridade, padroeira do país. A 24, o Secretário de Estado do Vaticano preside a uma Missa na diocese de Guantanamo-Baracoa. Os dias 25 e 26 estão reservados para encontros com personalidades políticas e da sociedade civil. A 25, na Universidade de Havana, profere uma conferência sobre o “Contributo do Cristianismo para os fundamentos da ética”. Na semana passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Felipe Perez Roque, declarou que “todos os temas serão discutidos nos encontros do Cardeal Bertone com as autoridades cubanas, com respeito e cordialidade, incluindo pontos onde pode não haver convergências”. O ministro cubano dos negócios estrangeiros disse que o país mantém com o Vaticano “excelentes relações”, que passam por uma comunicação “cordial e respeitadora”. Pérez Roque disse que a liberdade religiosa é garantida em Cuba e que os católicos realizaram 1300 procissões nas ruas da Ilha na última década, reunindo 500 mil pessoas. “Cuba e o Vaticano estão lado a lado em questões como a erradicação da pobreza, a crítica ao consumismo capitalista e a oposição às sanções comerciais dos EUA”, segundo Pérez Roque. Igreja em expectativa O Bispo de Santa Clara, D. Arturo González Amador, antecipou a inauguração do monumento em homenagem ao falecido Papa João Paulo II, que será instalado na sua diocese no próximo dia 23 de fevereiro. “O monumento será um legado às gerações futuras do momento em que houve uma comunicação entre todos os cubanos e um legado positivo para Cuba, para a Igreja cubana”, declarou o bispo à ANSA. D. González Amador destacou que o monumento vai ficar no mesmo lugar em que João Paulo II celebrou sua primeira missa em Cuba, em Janeiro de 1998. O bispo de Santa Clara descreveu que o “plano pastoral” da Igreja Católica em Cuba continua na linha de João Paulo II, fortalecido e animado pelo actual Papa Bento XVI”. Sobre a visita do Cardeal Bertone, D. González Amador assegurou que “conhece e gosta dos cubanos” e lembrou que esta será sua terceira visita a Cuba.

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