Bélgica: Prioridade do Sínodo é chegar a sociedade que se «afastou da fé», diz Francisco

Papa falou com responsáveis das comunidades católicos, insistindo na necessidade de acolher «todos, todos, todos»

Koekelberg, Bélgica, 28 set 2024 (Ecclesia) – O Papa disse hoje na Bélgica que a prioridade do Sínodo, cuja segunda sessão se inicia a 2 de outubro, é chegar a uma sociedade que se “afastou da fé”.

“O processo sinodal deve ser um regresso ao Evangelho; não deve ter entre as suas prioridades uma reforma de acordo com modas, mas perguntar-se como fazer chegar o Evangelho a uma sociedade que já não o escuta ou que se afastou da fé”, referiu, na Basílica do Sagrado Coração de Jesus, em Koekelberg, onde se encontrou com representantes das comunidades católicas.

Francisco assumiu que se vive um momento de “crise”, com a passagem de um quadro social “acolhedor” para um cristianismo “minoritário”, ou seja, um “cristianismo de testemunho”.

A intervenção defendeu a necessidade de uma “conversão eclesial”, para transformar “os estilos e as linguagens da fé, de modo que estejam verdadeiramente ao serviço da evangelização”.

“Pode haver muitos percursos pessoais ou comunitários, mas que nos levam à mesma meta, ao encontro com o Senhor”, acrescentou.

Irmãos e irmãs, na Igreja há lugar para todos, todos, todos e ninguém deve ser uma fotocópia do outro. A unidade na Igreja não é uniformidade, é antes encontrar a harmonia na diversidade”.

O Papa convidou a testemunhar a alegria da fé, mostrando que “mesmo em situações de pobreza, pecado, aflição, Deus está próximo”.

“Que a vossa pregação, a vossa celebração, o vosso serviço e o vosso apostolado deixem transparecer a alegria do coração, porque esta suscita interrogações e atrai também aqueles que estão longe”, sustentou.

Francisco pediu uma Igreja que “nunca fecha as portas, que oferece a todos uma abertura para o infinito, que sabe olhar mais além”.

“Esta é a Igreja que evangeliza, que vive a alegria do Evangelho, que pratica a misericórdia”, concluiu.

Depois do encontro na Basílica de Koekelberg, o Papa dirigiu-se à cripta real, por baixo da Igreja de Nossa Senhora de Laeken, onde estão os túmulos de muitos membros da Casa Real da Bélgica.

Acolhido pelo rei Filipe e a rainha Matilde, rezou diante do túmulo do rei Balduíno (1930-1993), que renunciou, entre 4 e 5 de março de 1990, às suas funções como chefe de Estado, recusando assinar a lei de despenalização do aborto no país.

Francisco elogiou a coragem e quem decidiu “deixar o seu cargo de rei para não assinar uma lei assassina”.

Segundo nota enviada aos jornalistas, pelo Vaticano, o Papa “exortou os belgas a olharem para ele neste momento em que se fazem leis criminosas”, numa referência à legalização da eutanásia, “desejando que a sua causa de beatificação prossiga”.

O programa da viagem prossegue esta tarde, em Lovaina, onde Francisco se vai encontrar com os estudantes da Universidade Católica, na Aula Magna; após o encontro, o Papa visita o Colégio de São Miguel, para um encontro privado com os membros da Companhia de Jesus (Jesuítas).

A viagem encerra-se no domingo, pelas 09h00 locais, com a Missa de beatificação de Ana de Jesus, no Estádio Rei Balduíno, perante cerca de 35 mil pessoas.

Desde a sua eleição, em 2013, o atual pontífice fez 46 viagens internacionais, tendo visitado 67 países, incluindo Portugal (2017 e 2023).

OC

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Agência ECCLESIA

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