A falta de meios para fixar as pessoas, o envelhecimento das comunidades, também dificultam a missão da Igreja, diz o padre António Pereira
Beja, 05 nov 2016 (Ecclesia) – O vigário-geral da Diocese de Beja defende que o contexto social do território alentejano deve merecer maior atenção por parte dos poderes políticos nacionais e locais.
Na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, o padre António Domingos Pereira traça a radiografia da Diocese de Beja, na sequência da entrada do novo bispo, D. João Marcos.
De acordo com aquele responsável católico, verifica-se hoje naquela região uma “desertificação humana persistente”, que não encontra resposta por parte de quem governa o país.
Quer por “manifesto desinteresse” ou por “incapacidade”, o poder político não tem encontrado “formas de valorizar o território com meios que permitam a fixação e realização” das pessoas.
“Os núcleos populacionais são cada vez mais reduzidos”, o “envelhecimento” das comunidades é “crescente”, a falta de alternativas de “trabalho” fazem com que a “situação social” tenda “a agravar-se”.
E tudo isto tem implicações na missão na Igreja Católica, “torna difícil a evangelização”, frisa o sacerdote.
O padre António Domingos Pereira destaca também como desafios a falta de sacerdotes, em paralelo com uma prática cristã pouco consistente nas comunidades
Atualmente a contabilidade do clero numa das maiores dioceses do país é de “cinquenta e cinco padres no ativo, dos quais treze religiosos, com uma média etária, no total, de 58.8 anos”.
A escassez de vocações faz com que os pastores existentes tenham de acorrer a várias paróquias e percorrer muitos quilómetros.
Mesmo assim, “as distâncias que é preciso percorrer para chegar às periferias territoriais da diocese, sendo penosas a muitos títulos, são bem mais fáceis de ganhar do que chegar àqueles muitos que ou não ouviram falar de Jesus ou, se ouviram, não chegaram a deixar-se enamorar por Ele”, aponta o vigário-geral.
O sacerdote reconhece a importância do último sínodo diocesano, que deixou “claro o desejo de uma maior participação dos leigos na construção de uma Igreja viva, mistério da salvação de Deus para os povos do Alentejo”.
“Dele ficaram propostas exequíveis que poderão inspirar projetos para uma pastoral de renovação da diocese”, espera o padre António Domingos Pereira.
JCP