Beja: «Mistério do Cristo dos Gascões» vai a cena no Festival Terras Sem Sombra

Espetáculo dramático tem lugar esta noite na igreja matriz de Grândola e revisita tradição religiosa espanhola «outrora enraizada» no Alentejo

Beja, 12 abr 2014 (Ecclesia) – O Festival “Terras Sem Sombra”, da Diocese de Beja, vai levar este sábado até Grândola uma dramatização sobre o “Cristo dos Gascões”, escultura da época românica venerada anualmente na região de Segóvia, Espanha.

Intitulada “Misterio del Cristo de los Gascones”, a peça vai a cena na igreja matriz de Grândola hoje a partir das 21h30, pela companhia “Nao d’Amores” e consiste na “recriação de uma cerimónia litúrgica que se celebra desde a Idade Média”, refere a organização do certame, numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

De acordo com a tradição religiosa de Segóvia, a representação de Cristo, “em madeira policromada, com os braços articulados”, chegou àquela região “trazida por viajantes gascões, ao dorso de uma égua cega” que caiu morta junto aos portões “da igreja de São Justo”.

Desde então, a imagem tem sido venerada naquele templo, que em 1996 foi classificado como monumento de Interesse Cultural.

Com entrada livre, o espetáculo concebido pela encenadora Ana Zamora traz de “volta ao Alentejo uma tradição de profundo sentido religioso”.

“Outrora enraizada entre nós; a Inquisição perseguiu-a, em nome da ortodoxia, mas sobreviveu aos esbirros do Santo Ofício”, realça a nota da organização.

Tendo como pano de fundo a igreja matriz de Grândola, referência do património local, o público vai poder admirar um espetáculo de “notável beleza dramática e sonora”, que conjugará a “voz humana com instrumentos medievais” como a “viola da gamba, a vihuela, a sanfona e a gaita-de-foles”.

Amanhã o Departamento do Património Histórico e Arquitetónico da Diocese de Beja, entidade coordenadora do festival, vai promover uma ação de sensibilização para a defesa do montado de sobro, um dos principais patrimónios naturais do Alentejo e que “apresenta hoje preocupantes sinais de declínio”.

Aquele organismo espera alertar também “agentes económicos e decisores políticos” para uma situação que coloca em causa “uma das principais riquezas do país”.

JCP

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