Beja: igrejas ajudam a preservar biodiversidade

Ministério do Ambiente e diocese alentejana vão assinar protocolo para defender valores naturais e culturais no meio rural

Beja, 11 Jan (Ecclesia) – A diocese de Beja e Ministério do Ambiente assinam hoje um protocolo destinado a promover a preservação da biodiversidade no Baixo Alentejo, em particular no meio rural.

“Muitas igrejas ou as suas envolventes, especialmente em área rural, são verdadeiros santuários da vida selvagem”, sublinha comunicado da diocese, enviado à Agência ECCLESIA.

O documento vai ser assinado na igreja matriz de Mértola pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), do Ministério do Ambiente, e o Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA), da diocese de Beja.

Segundo este Departamento, o protocolo “concretiza uma nova metodologia de intervenção, pouco frequente no país”, assentando no “cruzamento do património natural e do património cultural”.

Espécies protegidas, como o francelho e a cegonha, encontram pontos privilegiados de nidificação nas torres dos campanários e noutros pontos dos templos.

Por outro lado, os adros e os espaços em redor destes edifícios reúnem igualmente condições excepcionais para a preservação da fauna e da flora.

A intenção é “mobilizar e dinamizar a participação da sociedade civil na salvaguarda e promoção dos valores naturais e culturais do Baixo Alentejo, designadamente no âmbito das áreas protegidas dispersas pela região”.

“A defesa da biodiversidade constitui a causa maior com que a humanidade se defronta nos dias de hoje e é preciso repensá-la também à escala regional”, salienta José António Falcão, director do DPHA.

Para este responsável, os monumentos religiosos “podem dar um contributo importante nesse sentido; como retorno, ganhar-se-á uma nova dinâmica, criando melhores condições de conservação e fruição do próprio tecido edificado – e dos valores culturais e paisagísticos que lhe estão associados”.

O protocolo, aberto à intervenção de outras entidades, como os municípios e as associações locais, aposta fortemente na dinamização de distintas valências patrimoniais como factor de sustentabilidade do desenvolvimento regional.

“Tarefas muito simples e pouco dispendiosas como a melhoria dos pontos de água – as velhas «fontes santas» – existentes junto às ermidas, a criação de pequenas searas de feijão-frade ou a colaboração dos alunos das escolas na monitorização da fauna bravia através de web câmaras podem fazer a diferença para a sobrevivência de espécies ameaçadas, entre elas a abetarda, o sisão e o grou”, assinalam os promotores do protocolo.

Neste sentido, o DPHA de Beja espera que a iniciativa dê um “contributo decisivo” para suster a ruína de dezenas de velhas igrejas que permanecem fechadas ao longo do ano, “por falta de quem delas se ocupe”.

DPHA/OC

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