Responsável pelo património perspetivou os próximos anos com o aniversário da diocese no horizonte
Beja, 04 nov 2016 (Ecclesia) – O diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da Diocese de Beja considera a comemoração dos 250 anos da restauração diocesana, marcada para 2020, uma “oportunidade privilegiada” para revitalizar a vivência cristã no território.
Num texto inserido hoje na nova edição do Semanário ECCLESIA, dedicada àquela diocese alentejana, José António Falcão frisa que “uma efeméride” com esta “magnitude” não pode ficar apenas pela contemplação do passado, mas deve permitir “avaliar, com profundidade, a situação da Igreja na região”.
“Mais: coloca um repto sério ao conhecimento (e reconhecimento) de todo um conjunto de valores culturais e espirituais, à luz de uma pastoral esclarecida, projetada sobre o nosso tempo”, sublinha aquele responsável.
No campo histórico, José António Falcão recorda três nomes que valerá a pena “revisitar” enquanto modelos de ação social e pastoral no seu tempo.
Três bispos, “D. Frei Manuel do Cenáculo, o primeiro titular da cátedra bejense; D. José do Patrocínio Dias, o “reconstrutor” da vida diocesana após uma longa agonia; e D. Manuel Franco Falcão, um dos agentes essenciais da sua contemporaneidade, qual fíbula viva entre o passado e o presente”.
Na área do património e da cultura, o historiador realça a necessidade de “recuperar o tempo perdido”, depois de “um ano muito difícil na vida do património religioso na diocese”, devido a muitas circunstâncias.
Desde “uma vaga sem precedentes de furtos nas paróquias que causou, entre outros prejuízos, o desaparecimento de bens culturais significativos para a identidade das comunidades”.
Até a “intervenções efetuadas sem supervisão técnica em diversas igrejas e obras de arte, algumas das quais classificadas; e suspensão de projetos e candidaturas a fundos comunitários para a reabilitação de monumentos e museus, com todos os impedimentos daí resultantes”.
Para José António Falcão, entre os “tradicionais desafios do sector – inventariar, defender e valorizar os bens culturais”, é fundamental continuar a “dar voz a esse património”.
Por outro lado, os próximos anos devem ser potenciados de modo a reforçar “a ligação” entre esta “herança” e o “desenvolvimento sustentável da região”.
Neste campo, o diretor do DPHA da Diocese de Beja lembra a importância de projetos como o Festival Terras Sem Sombra, lançado em 2003, a rede de museus diocesanos, “hoje com oito unidades”, e o Centro UNESCO para a Arquitetura e a Arte Religiosas, sediado em Santiago do Cacém”.
Iniciativas como estas têm trazido ao território cada vez mais turistas e visitantes, no entanto falta que esse crescimento seja acompanhado por uma estratégia mais assertiva da diocese.
Em termos de acolhimento, do acesso das pessoas às igrejas e outros monumentos, e da disponibilização de “informação de qualidade, em diversas línguas”, exemplifica José António Falcão.
JCP