Beja, 21 dez 2015 (Ecclesia) – O Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHA) alerta que a ermida de Nossa Senhora da Assunção, em Messejana, Aljustrel, é um “monumento mártir”, depois de ter sido “alvo de arrombamento e furto”.
“Portugal debate-se com a ausência de um plano estratégico para a salvaguarda do património religioso no meio rural e as dioceses têm cada vez maior dificuldade em assegurar a proteção do património sob a sua tutela”, analisa o diretor do organismo diocesano.
Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, o DPHA classifica a situação como “preocupante” uma vez que além das perdas patrimoniais a lamentar, “o assunto semeia a inquietação entre a população”.
Classificada como monumento de Interesse Público, o Santuário mariano de Nossa Senhora da Assunção, a três quilómetros da vila de Messejana, é “uma obra fundamental do Barroco”, foi assaltada pela sexta vez desde que há registo destas situações.
“Desde 1984, a igreja já foi assaltada e vandalizada seis vezes, é escandalosa a situação a que chegou”, alerta o diretor do DPHA.
Segundo José António Falcão, houve preocupação em classificá-la, “o que é louvável”, mas depois “nada foi feito uma vez que o isolamento deste santuário de peregrinação tem-se revelado adverso.
“A classificação, só por si, de pouco adianta – há que devolver este extraordinário edifício à vida”, acrescenta o historiador.
O DPHA destaca que o programa construtivo do “notável imóvel” faz da ermida de Nossa Senhora da Assunção uma das “principais referências” do Barroco no Alentejo bem reconhecível à distância.
Segundo o departamento do Património, o futuro deste monumento “depende” de uma ação concertada entre as autoridades locais, o Ministério da Cultura, a Paróquia e a diocese para salvar o edifício.
“Só a existência de uma estratégia para o acompanhamento e a visita das igrejas isoladas pode ajudar a reduzir estes atentados. Não podemos continuar a defender que o culto basta para manter os edifícios religiosos abertos, ele precisa de agir a par de outras medidas, culturais e turísticas”, acrescenta José António Falcão.
O comunicado informa que desde 1984, este monumento é o exemplo “perfeito” de um “monumento mártir”, primeiro os ladrões retiraram as alfaias e serraram “parcialmente o retábulo do altar-mor”, em talha dourada; noutra ocasião abandonaram, “ao desbarato”, peças de talha e outros elementos e até o único sino nos campanários da igreja, “cujo peso se estima em mais de meia tonelada”, foi levado, uma peça “fundida no século XVIII”.
CB