Diocese e Município alentejanos unem esforços para recuperar e abrir ao público monumentos em risco A Diocese e o Município de Beja acabam de constituir a “Associação Portas do Território”, uma parceria destinada a valorizar os recursos existentes e a concorrer aos fundos comunitários para a salvaguarda e a promoção do património. Segundo comunicado enviado à Agência ECCLESIA, “conseguir estabelecer um mecanismo estável de conservação e abertura de igrejas históricas e outros imóveis é a palavra de ordem”. Trata-se de um novo modelo de funcionamento, aberto à sociedade civil e à colaboração entre os sectores público e privado, de acordo com a linha de parcerias definida pela União Europeia e recomendada pelo governo. O concelho de Beja possui um património arquitectónico e artístico muito vasto e, sobretudo, muito diversificado, em que marcam especial presença os monumentos religiosos. Estes edifícios cobrem um vasto leque cronológico, desde os alvores do Gótico alentejano, no século XIII, até às manifestações de extrema sumptuosidade, pautadas por uma carga festiva e sensual, do Barroco, na segunda metade do século XVIII. Por outro lado, trata-se de um património disperso praticamente por todo o território do concelho, tanto no âmbito urbano como no âmbito rural. Nos últimos anos tem-se feito um esforço sistemático, através de parcerias entre a Diocese, a Câmara Municipal e o Estado, para a inventariação, salvaguarda e reabilitação de alguns destes imóveis. Porém, há outros que, apesar do seu excepcional interesse cultural, se encontram profundamente degradados e em perigo de ruína. Isto ocorre sobretudo, por paradoxal que possa parecer, com os edifícios classificados ou em zonas especiais de protecção. Por outro lado, existem lacunas no que diz respeito à abertura e à acessibilidade deste património. Várias igrejas históricas estão encerradas praticamente durante todo o ano, enquanto outras só abrem para as celebrações, por motivos de segurança, já que existiram furtos e actos de vandalismo nos últimos anos. A dificuldade em recorrer à colocação de pessoas desempregadas para a guardaria, acentuada com o finalizar dos programas de emprego nas áreas do turismo e da cultura, tornou ainda mais problemática a situação. Em contrapartida, tem-se verificado um aumento significativo do número de visitantes na cidade e no concelho de Beja, que tem precisamente no turismo cultural, paisagístico e religioso um dos seus principais motivos de atracção. É fundamental, por isso, conseguir uma articulação que ultrapasse os constrangimentos actualmente existentes e projecte o património cultural concelhio de forma coerente, em especial no que toca à sua conservação, visita e divulgação. Neste domínio, a Diocese e o Município constituíram uma parceria, inédita em Portugal mas já com provas dadas noutros países europeus, através da formação de uma associação de desenvolvimento regional intitulada Portas do Território, cuja escritura será celebrada no dia 3 de Março. A nova associação tem por objecto o estudo, a salvaguarda, a requalificação, a valorização, a divulgação e a promoção turística do património cultural, natural e ambiental, numa perspectiva de desenvolvimento local e regional integrado e sustentável. Para tal, a ADT promoverá, entre outras iniciativas, a conservação e a abertura de monumentos e obras de arte, o desenvolvimento de um turismo informado e sustentável, a promoção e o apoio à comercialização de produtos locais e regionais de qualidade, a animação do espaço urbano e rural e a valorização de acções de qualificação e formação profissional. Restaurar bens culturais em risco e abri-los a um público alargado – dentro de percursos temáticos – constituem, sem dúvida, as coordenadas principais deste projecto, que se insere na nova lógica de parcerias preconizada pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN). Procura-se ir assim ao encontro de lacunas há muito sentidas em Beja. Encontram-se já em fase de projecto os trabalhos de recuperação de cinco imóveis: igreja de Nossa Senhora ao Pé da Cruz, catedral (antiga igreja de Santiago), capela de Nossa Senhora do Rosário (igreja de Santa Maria, famosa pela sua Árvore de Jessé, também em perigo de derrocada), ermida de Santo André (fechada há longos anos, junto à entrada principal da cidade) e igreja de São Pedro de Pomares (freguesia de Baleizão). Em etapas ulteriores da iniciativa deseja-se alargar o leque de intervenções a outros monumentos e sítios, designadamente no âmbito rural, sem esquecer a arquitectura civil. A institucionalização de um cartão único para a visita aos museus e igrejas históricas do concelho, a existência de um programa de animação comum e a criação de condições de acesso para pessoas com deficiências motoras, visuais e cognitivas são algumas das prioridades que estão sobre a mesa. Redacção/Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja