Beja: Bispo afirma que «renovação da Igreja» na diocese depende do empenhamento na realização do sínodo

«Entremos sem medo, irmãos e irmãs, neste processo sinodal» – D. João Marcos

Beja, 20 out 2021 (Ecclesia) – O bispo de Beja incentivou a diocese a entrar “sem medo” no processo do Sínodo dos Bispos, afirmando que a “renovação” desta Igreja local “depende, em grande parte, do empenhamento na sua realização”, na Missa que presidiu na Sé.

“Usando uma imagem agrícola, por meio deste sínodo, somos chamados a lavrar a terra desta diocese, a remexer o chão das nossas paróquias e movimentos, a abrirmos as nossas vidas e os nossos relacionamentos na família e no trabalho ao sopro do Espírito, para podermos ser uma nova e grande sementeira”, disse D. João Marcos este domingo, na abertura do processo sinodal na diocese.

Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo de Beja explica que a fé cristã, “mais do que uma realidade abstrata, é um sínodo”, um caminho que se percorre em Igreja e sem vida comunitária a fé não ajuda ao encontro com Cristo Ressuscitado.

“Entremos sem medo, irmãos e irmãs, neste processo sinodal. A renovação da Igreja desta diocese depende, em grande parte, do nosso empenhamento na sua realização. De nós depende que muitos acordem depois do tempo da pandemia e se disponham a caminhar, como os discípulos de Emaús”, desenvolveu.

As dioceses portuguesas começaram a assinalar, no domingo, a fase inicial de consulta e mobilização das comunidades católicas no processo sinodal convocado pelo Papa, que decorre até 2023.

‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’ é o tema da assembleia e o percurso para a celebração do sínodo está dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, antes da fase definitiva, ao nível mundial.

D. João Marcos referiu que o Papa Francisco diz que o Sínodo proporciona uma “grande oportunidade para a conversão pastoral”, em chave missionária e também ecuménica, e chama a atenção para tês riscos que ameaçam o processo do Sínodo: O formalismo, o intelectualismo e o imobilismo.

O responsável católico recordou que na esteira do Concílio Vaticano II, o Papa São Paulo VI instituiu o Sínodo dos Bispos, e orientou “o caminho da Igreja para a sinodalidade”.

Segundo o bispo de Beja, parece que os leigos ganhando “maior importância” em todos os setores da vida da Igreja, “os clérigos entraram em crise profunda” e na diocese do baixo Alentejo são conhecidas as dificuldades que os padres atravessam “para se escutarem uns aos outros com caridade, para se aceitarem assim como são, com as suas diferenças”.

Neste contexto, disse aos padres que este sínodo vem “ensinar a escutar uns aos outros, aos padres como irmãos no sacerdócio e aos leigos como irmãos no Batismo”, e pedir a humildade de aprenderem “a ser mais disponíveis para ouvir o próximo”, para dialogar.

No âmbito da família, D. João Marcos disse que é preciso “cultivar” a capacidade de se ouvirem uns aos outros: “Os pais ouvirem os filhos e os filhos ouvirem os pais”.

A abertura do processo sinodal na Diocese de Beja também ficou marcada pela conferência do cónego Rui Pedro o qual admitiu que um Sínodo sobre a sinodalidade pode parecer “estranho” e “uma redundância”.

“Este sínodo sobre a sinodalidade, convida-nos a voltar a caminhar em conjunto; quer educar-nos na escuta, a acertarmos o passo uns com os outros e a deixarmo-nos guiar por Jesus. É preciso aprendermos a caminhar em conjunto, é preciso um caminho de conversão comunitária, de uma espiritualidade que me deixe formar para a sinodalidade”, disse o sacerdote do Patriarcado de Lisboa.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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