Beja: «A fé é beleza, não é? Uma coroa feia não diz nada às pessoas» – Projeto coroas de Advento chega a 225 famílias em Moura

Iniciativa com oito anos tem aumentado produção e tem como objetivo ajudar famílias a «cristianizar» a celebração do Natal

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Moura, 28 nov 2025 (Ecclesia) – Um grupo de voluntários junta-se para construir coroas de Advento há oito anos na paróquia de Moura, da Diocese de Beja, numa tradição de preparação para o Natal que chega a unir mais de mil pessoas.

“Grande parte destas coroas vão para famílias que nós dizemos não praticantes. É certo que o princípio destas coroas começou com uma necessidade económica. Há uma igreja que é necessário arranjar um telhado e lembrámo-nos disto. Depois começámos a ver como este desafio poderia ter um papel muito grande. Atualmente, quando lançamos a campanha das coroas, um mês mais ou menos antes do Advento, temos de recusar famílias”, conta o padre José Guerreiro, pároco da comunidade que se envolve no projeto.

Este ano serão 225 famílias que terão nas suas casas uma coroa de Advento feita pela paróquia, mas as famílias são convidadas a levar a sua Coroa para a igreja, no início do tempo litúrgico do Advento, para que possam ser benzidas e, de regresso a casa, podem dar significado ao Natal.

“A fé é beleza, não é? Uma coroa feia não diz nada às pessoas. Este esforço de todos os anos inovar, pensar novas possibilidades. É assim a cada ano. Este ano é menos verde, é mais rústica, é mais em tons terra, tons dourados”, regista.

Isabel Formigo, professora de primeiro ciclo e catequista na paróquia de Moura, conta que durante duas semanas, a partir das 21h, desfaia o frio das noites e ruma à paróquia para ajudar a fazer as coroas.

“Pertencer a uma paróquia não é só ir à missa. Temos que participar, embora já sejamos catequistas, mas participar noutras atividades”, conta à Agência ECCLESIA.

Patrícia Apolinário, professora e catequista, este ano voluntária neste projeto das Coroas do Advento, explica que este trabalho implica arranjar os materiais e mobilizar colaboradores para que a cada noite para responder às encomendas.

“Todos os anos temos sempre mais encomendas e vai-se fazendo sempre mais um bocadinho. E as pessoas aderem bastante bem, até porque o motivo pelo qual se faz também, aproveitamos para conseguir fundos, para requalificar e fazer obras na igreja. Então, para além de viver o Advento de outra forma e ter ali um símbolo e vivê-lo em família, há outra parte que também é importante e as pessoas gostam de colaborar”, traduz.

O pároco valoriza o esforço “voluntário” para ajudar a “cristianizar o Natal”.

“Muitas vezes vivemos o Natal sem a presença daquele que é o motivo pelo qual há Natal, que é o menino Jesus. O Advento obriga-nos a que, em cada semana ao acender uma vela, haja como que ali um alerta. Falta pouco tempo para o Natal. É necessário preparar a vinda deste menino. E, portanto, queremos dar um toque cristão a uma família que nem sempre vive esse Natal cristão”, indica.

Nas celebrações de natal, o padre José Guerreiro indica o cante alentejanos como um fator que liga gerações, homens e mulheres, num Alentejo que hoje acolhe nacionalidades: “Na última eucaristia contei seis nacionalidades”.

“O povo alentejano utiliza muito o cante alentejano. E nós podemos dizer que somos a única região do país que tem um cante típico que é património da humanidade. E que utilizamos também na parte religiosa. Com o cante não se nota quem é praticante ou quem deixa de o ser. Portanto, quando se trata de cantar ao menino, quando se trata de cantar a Nossa Senhora, e aqui a Moura, a Senhora do Carmo, de tanta devoção, quando se trata de cantar na procissão, nós não vemos ali diferença entre homens e entre mulheres”, regista.

Para além das encomendas das famílias para as coroas de Advento, a igreja de São João batista, em Moura, tem também uma nova coroa a cada ano.

“Estamos no ano do Jubileu da Igreja, o símbolo do Jubileu é uma âncora, e então, apesar de estarmos longe do mar, se não estivermos agarrados a Jesus Cristo, vamos todos ao fundo. Este ano a coroa de Advento vai ser precisamente uma âncora em frente ao altar, que se juntará, depois feito pelos jovens, o presépio das capelas laterais”, regista.

A reportagem na paróquia de Moura vai estar no centro do programa ECCLESIA, emitido sábado na Antena 1, pelas 06h00.

HM/LS

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