O patriarca ecuménico visitará João Paulo II O patriarca ecuménico de Constantinopla, o ortodoxo Bartolomeu I, pediu a João Paulo II que não institua um Patriarcado greco-católico em Kiev (Ucrânia), alertando do risco de uma fractura nas relações ecuménicas. O pedido está presente numa carta do patriarca , publicada na página Web do patriarcado, onde se discute o eventual reconhecimento do título patriarcal em favor dos greco-católicos ucranianos. A posição já foi avançada pelo Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, ao patriarca de Moscovo e de toda as Rússias, Alexis II. Na carta, Bartolomeu I rebate o documento do Cardeal Kasper, qualificado como “erróneo, confuso, inaceitável, provocador” e alerta sobre as possíveis consequências negativas de um eventual reconhecimento do título patriarcal para a Igreja greco-católica da Ucrânia. A questão é vista como fenómeno do “uniatismo”, termo utilizado pelos ortodoxos para se referir às Igrejas greco-católicas, como a da Ucrânia: esta pertence à tradição bizantina – como os ortodoxos -, mas está em comunhão plena com o Papa. Na Ucrânia, a maioria da população é ortodoxa e depende do patriarcado russo. O reconhecimento do primado de Pedro é um ponto de discussão entre os católicos de rito oriental da Ucrânia (cerca de cinco milhões) e os ortodoxos. De acordo com o decreto conciliar “Orientalium Ecclesiarum”, sobre as Igrejas orientais católicas, o Papa tem a faculdade de reconhecer o plano patriarcal de uma Igreja, sem ter que submeter este reconhecimento ao consenso de outras instâncias eclesiais. O diálogo católico-ortodoxo tem agora por diante dois encontros: dentro de duas semanas, o Cardeal Walter Kasper manterá um encontro com Alexis II. Meses mais tarde, o patriarca Bartolomeu I visitará o Papa, por ocasião da celebração dos santos São Pedro e São Paulo, a 29 de junho. Para essa ocasião já estará pronta a restauração da igreja de São Teodoro, na colina do Palatino (Roma), que o Papa presenteou ao patriarca ecuménico no ano 2000, destinada à comunidade ortodoxa.