«As comunidades, as autarquias e as instituições perceberam que todos têm de fazer a sua parte» – Padre Eduardo Ferreira
Barcelos, 22 mar 2022 (Ecclesia) – O Centro Espírito Santo e Missão (CESM) – Seminário da Silva (Barcelos), dos Missionários Espiritanos, é um “primeiro porto de abrigo” de refugiados ucranianos em Portugal e, esta sexta-feira, vai receber mais 90 pessoas.
“Nós fomos contactados para ser um ponto de recolha de bens, e, logo de seguida, fomos contactados pela autarquia para disponibilizar a casa para acolher na primeira linha: Quando as pessoas chegam é o primeiro porto de abrigo”, disse hoje o padre Eduardo Ferreira, em declarações à Agência ECCLESIA.
O Centro Espírito Santo e Missão (CESM) – Seminário da Silva recebeu há três dias um grupo de 25 pessoas da Ucrânia, “com 10 crianças, e que já saiu quase todo”, e já tinha acolhido 69 refugiados – 19 crianças, 48 mulheres e dois homens” -, na semana passada, dia 17.
Esta sexta-feira, adianta o padre Eduardo Ferreira, “vão chegar mais 90 pessoas”, no mesmo dia que o Papa Francisco vai consagrar a Ucrânia e a Rússia ao Imaculado Coração de Maria.
Sobre esta dinâmica, o diretor do CESM/Silva explica que o primeiro grupo de 69 pessoas, chegou num dia à noite e a “maioria começou a sair no dia seguinte”, normalmente para casa de familiares ou pessoas amigas que têm em Portugal, mas ainda estão no seminário cerca de “30 pessoas” que não têm estas referências, e “têm de ser alojadas para começarem a ter uma maior estabilidade”.
Neste contexto, refere também que para receberem o novo grupo de 90 refugiados as pessoas que ainda estão no Centro Espírito Santo e Missão, em Barcelos (Arquidiocese de Braga), “têm mesmo de sair”, porque só recebem grupos de 50 e dobraram a capacidade de alojamento, “com um esforço muito grande, solidariedade, e muito voluntariado”.
“E depois não sabemos, infelizmente quem é que sabe. Esta situação só se pode programar quase ao minuto”, desenvolveu o missionário da Congregação do Espírito Santo (Espiritanos).
O padre Eduardo Ferreira refere que os refugiados não deixam o seminário sem terem outro sítio para ficar, e também fornecem os contactos que recebem às entidades encarregadas desses serviços, como no domingo, no fim de uma Missa, alguém disse que tinha “dois quartos, cozinha independente, e podia receber pessoas.
“Tendo começado este drama, as comunidades, as autarquias e as instituições perceberam que todos têm de fazer a sua parte”, realçou.
Os refugiados ucranianos no CESM/Silva para além dos quartos, “uma sala para as crianças com brinquedos”, têm um espaço “muito grande” interior e no exterior, e “não há horários fixos”, criaram um “ritmo respeitador do estado emocional em que as pessoas estão”.
“A gente tem que ter algum respeito pelo silêncio. Como é uma primeira linha damos a logística e acompanhamos: A grande preocupação é atender as pessoas, se há problemas de saúde, se é preciso chamar o médico, temos banco de roupa onde vão escolher o que precisam, e também artigos de higiene”, explicou o diretor do Centro Espírito Santo e Missão (CESM) – Seminário da Silva.
O missionário Espiritano destaca que a “comunidade local deu muita coisa” e a solidariedade “é tremenda”, inclusivamente pediram que “suspendessem as campanhas” de entrega de bens no seminário, porque já não têm espaço físico, e encaminham as ofertas para um pavilhão do Município de Barcelos que tem “a mesma finalidade”.
“Ainda hoje, mandei duas carrinhas para lá. As pessoas estão a ser muito generosas. Está a ser uma coisa extraordinária”, acrescenta, realçando que também se disponibilizam para colaborar, fazer refeições, camas, para “ajudar no que é preciso”.
O arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, agradeceu “a solidariedade dos cidadãos, instituições e cristãos da arquidiocese”, numa publicação na rede social facebook, onde estacou o acolhimento de refugiados ucranianos no Seminário da Silva e no Santuário do Sameiro.
CB/OC
