Avós: Quando viajar com os netos é criar memórias e cumplicidades

I Dia Mundial dos Avós e dos Idosos assinala-se este domingo, com o tema «Eu estou contigo todos os dias»

Foto Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 24 jul 2021 (Ecclesia) – Os avós Miguel e Luísa Horta e Costa criaram uma relação de cumplicidade com os seus 24 netos, fruto das memórias que estão a construir juntos e de um relacionamento próximo.

“Há muitos anos que aos netos, a partir dos nove anos, não oferecemos presentes no Natal nem nos aniversários. Oferecemos um passeio com os avós e optamos por valorizar as memórias e a cultura com viagens a destinos à sua escolha. Podem perguntar se temos muito dinheiro, mas não temos; Optamos por poupar – não vamos jantar fora, por exemplo, para levar os netos a viajar”, conta Miguel Horta e Costa numa conversa promovida pelo Departamento Nacional de Pastoral Familiar, a propósito do I Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que a Igreja Católica celebra este domingo.

A avó Luísa, com 76 anos, afirma que a presença dos netos ajuda a sentirem-se novos.

“Temos sempre netos em nossa casa. O mais novo tem cinco anos, mas houve alturas em que às quartas-feiras, eles não tinham aulas à tarde e chegamos a ter nove netos para almoçar e depois ficavam à tarde a estudar. Eram distribuídos pela casa – desde a cozinha ao nosso quarto – e ficavam a estudar e era um ambiente de biblioteca, sem barulho”, recorda.

Casados há 52 anos, Miguel Horta e Costa dá conta de “uma vida ótima, com 24 netos” e diz que olha para a idade como a “evolução natural da vida”.

“Não tenho saudades dos meus 30 anos, foram ótimos, gostei muito, mas não tenho saudades. Nem dos 40 ou 50. Eu gosto é de viver agora, com a idade que tenho, com o que posso fazer. Sempre senti que o momento em que me encontro é o momento que vale a pena viver”, sublinha.

Matilde Horta e Costa, com 22 anos, explica que as viagens que realiza com o avós ajudam a uma “intimidade” e “unem” muito.

As viagens são algo que nos une imenso. Conhecerem-me desde o acordar ao anoitecer e nos momentos de maior cansaço, nas dúvidas e ignorância. Sabem como é que eu sou e usufruem muito da proximidade. Os almoços em casa dos avós, o acompanhamento no estudo, as histórias do dia da professora que eu contava, ou, agora mais recentemente, quando vou lá a casa contar as novidades em primeira mão: o inicio ou fim de namoro, o arranjar trabalho. São coisas que partilho com os meus avós porque desde pequena fui habituada a isso”.

A jovem, enfermeira de profissão, lamenta que o envelhecimento não seja valorizado e afirma que essa fase da vida “assusta os jovens”.

“Assusta aos jovens a dependência. Assumimos que o fim da vida é equivalente ao envelhecimento, associa-se a uma pessoa a morrer numa cama, mas na realidade, há uma vida que continua e é muito bem vivida”, ressalta.

Para além do acompanhamento aos netos, o casal Horta e Costa procura manter outras atividades e, por isso, participa na iniciativa «Mesa de Nossa Senhora», uma iniciativa da paróquia de Santa Maria de Belém, no Patriarcado de Lisboa, que confeciona refeições e as entrega a pessoas necessitadas, e durante quatro anos foram visitadores de reclusos, uma atividade que teve de ser interrompida por causa da pandemia.

‘Eu estou contigo todos os dias’ (cf. Mt 28,20) é o tema do primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que vai ser celebrado este domingo, por decisão do Papa Francisco, junto à celebração litúrgica de São Joaquim e Santa Ana (26 de julho).

A conversa organizada pelo DNPF e conduzida pela apresentadora Fátima Lopes, juntou ainda o médico especialista em Psiquiatria, Pedro Macedo; o professor catedrático de Economia, Bagão Félix; e o padre José Manuel Pereira de Almeida, secretário da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana da Conferência Episcopal Portuguesa e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa.

Este domingo, o programa 70×7 (RTP2), às 17h40, e o programa Ecclesia, na Antena 1, às 06h00, vai destacar diferentes percursos e experiências sobre o envelhecimento e a relação avós/netos.

A emissão integral da conversa organizada pelo DNPF é emitida nas redes sociais da Agência ECCLESIA e do Departamento Nacional da Pastoral Familiar a partir das 18h00 deste domingo.

LS

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