Responsáveis destacam importância de manter celebração, em tempos de pandemia
Aveiro, 06 jan 2021 (Ecclesia) – A cidade de Aveiro vai celebrar este ano a festa de São Gonçalinho de uma forma diferente, por causa da pandemia, sem o tradicional lançamento de cavacas na Paróquia da Vera-Cruz.
“Queremos celebrar São Gonçalinho seja onde for, na capela, na casa das pessoas, onde é possível. Festejo é um termo associado a uma festa que tem sido feita, mas este ano não pode. Celebrar São Gonçalinho, o espírito e o que ele representa, é fundamental para as gentes do Bairro da Beira-Mar, para as gentes da cidade”, disse o juiz da Mordomia de São Gonçalinho à Agência ECCLESIA.
Pedro Nunes explica que este ano, por causa da pandemia, não podem ter “a festa com um aglomerado de gente, com o lançamento das cavacas, que é ponto mais marcante”, por isso, a perspetiva da mordomia “é mesmo celebrar São Gonçalinho, levá-lo a casa das pessoas, fazer transmissões – Missas, um conjunto de atividades”.
O pároco da Vera-Cruz, o padre João Alves, assinala que como em todas as festas “as celebrações religiosas são o centro” e, este ano de modo particular, a festa de São Gonçalinho “acaba por valorizar ainda mais a expressão de fé” nas celebrações das Eucaristias.
As Festas em honra de São Gonçalinho, na paróquia aveirense, começam esta quinta-feira e terminam a 11 de janeiro.
O tradicional lançamento de cavacas do telhado da capela, que é o cumprimento das promessas a São Gonçalinho, foi cancelado, mas a mordomia e a paróquia propõem a sua substituição por um gesto solidário que vai reverter para o projeto ‘Vera Vida’, uma casa abrigo para vítimas de violência doméstica, do Centro Social e Paroquial da Vera Cruz.
Naturalmente existe compreensão e entendimento da razão pela qual, sob o ponto de vista sanitário não é possível fazer. É possível, na mesma, adquirir as cavacas e também avançamos com uma solução o ‘saco solidário’, para converter esse sentido da promessa, com uma dimensão social”.
O pároco da Vera Cruz acrescenta ainda que para as pessoas que vão “levantar o saco em cada celebração da Eucaristia” têm este ano “uma bênção de cavacas” que “pedirá também a proteção de Deus para a vida das famílias, para as intenções que têm e para uma dimensão cada vez mais social como atitude e compromisso das pessoas”.
Por sua vez, o juiz da Mordomia de São Gonçalinho destaca que têm “muitas pessoas a aderir, porque se reveem nesta forma de pagar a promessa” e recorda que, desde outubro, têm vindo a indicar que “não será possível lançamento de cavacas” e o valor do ‘saco solidário’ vai reverter para “um projeto com pouca visibilidade e que precisa de bastante apoio”.
“Fizemos a encomenda de 500 quilos de cavacas, menos 10% do habitual, e permitimos a quem quiser comprar os sacos de 5 quilos à mordomia. Quantidades mais pequenas podem comprar aos vendedores ambulantes de doçaria”, acrescentou.
Pedro Nunes realça também que vão disponibilizar “cavacas pela rede sénior de Aveiro, para levar São Gonçalinho aos lares” e entregar o livro ‘Papa Cavacas’, um “conto habitual, alusivo a este tempo, com uma mensagem muito positiva” às escolas de Ensino Básico, no concelho.
Do programa religioso destaca-se também a procissão, que “não tem tradição” nesta festa, como explica o padre João Alves; realiza-se “há dois anos” quando a Diocese de Aveiro valorizou “um caminho de santidade a partir de ser discípulo”.
Este ano, “com todos os cuidados”, o andor vai ser transportado numa “carrinha que irá circular pelas ruas da Beira-Mar, dando a possibilidade de se manter este elemento e proximidade com o São Gonçalo”.
O juiz da mordomia salienta que o programa das festas de São Gonçalinho 2021 “consiste muito na parte religiosa”, com três Eucaristias – quinta-feira, sábado e domingo -, numa tenda montada no largo da capela “para cerca de 70 pessoas, uma forma de alargar a lotação da capela” que vai estar “aberta todos os dias nas 09h00 às 22h00”.
Das diversas iniciativas que a Mordomia de São Gonçalinho tem realizado, o seu o juiz lembra as ‘24 horas de São Gonçalinho’ online, a 18 de dezembro, onde “mais do que levar São Gonçalinho a casa das pessoas foi levar ao mundo e resultou bastante bem”, com “muitas interações, comentários, respostas e perguntas” e “partilhado em diferentes redes, na América, no Japão”, e com o músico holandês Henk Van Twillert, morador do Bairro da Beira Mar.
CB/OC