«Enquanto paróquia e comunidade é também sinal de alegria, darmo-nos de modo incondicional ao outro nesta representação» – padre José Carlos Lopes
Aveiro, 07 jan 2023 (Ecclesia) – O padre José Carlos Lopes, pároco das Talhadas, na diocese de Aveiro, contou à Agência ECCLESIA que o Cortejo dos Reis é uma tradição que une a comunidade e evoca os antepassados, em «ambiente de júbilo e união».
“A vivência cristã leva a valorizar este momento de olhar este tempo de alegria e todas as visitas ao Deus Menino é sinal de júbilo e de sentir que todos temos muito para dar, e enquanto paróquia e comunidade, é também sinal de alegria, darmo-nos de modo incondicional ao outro nesta representação”, explica o sacerdote de 39 anos em declarações à Agência ECCLESIA.
O padre José Carlos Lopes refere que a “tradição que remonta a meados do século passado, finais da década de 40”, é “organizado pela paróquia” com a ajuda de vários grupos da comunidade e foi “impulsionado pelo padre Ivo”, antigo pároco.
O cortejo inicia pelas 10h00, encaminha-se para a Igreja Matriz e à tarde acontece o leilão de oferendas, “resultado desta ação que implica a comunidade e todos os lugares da freguesia”, revertendo para o fundo paroquial.
António Afonso, sacristão e membro da organização, recorda bem os primeiros cortejos de Reis que resultou do “bom ambiente entre os jovens” da época.
“Havia um trabalho em conjunto com a Igreja e, os meus antepassados com as dificuldades que tinham, também dificuldades de comunicação com outros povos, porque estávamos praticamente isolados e organizávamos a fazer colheitas de bens para ajudar a Igreja”, relata.
O entrevistado integrou uma vez o cortejo como pastor, “mas como não há escola de atores nem de canto”, percebeu que a voz não dava e ajuda na organização, este ano com maior motivação por “regressar às ruas”.
Já João Manuel integra o grupo de pastores onde “vai cantando” e destacou um momento.
“O anúncio do anjo aos pastores do nascimento do Menino Jesus, os pastores estão no monte, discutem a vida e lamentam as injustiças sociais e repressão provocadas pelos romanos”, conta.
A encenação integra ainda um “diálogo entre um pastor mais velho e o anjo”, onde aparece um coro celeste a cantar “Glórias” e louvores ao Menino.
“São as mesmas pessoas de um ano para o outro e já sabemos isto de cor, fazemos ensaios uma semana antes, e a logística, como com os trajes por exemplo, tratamos com um grupo típico de cá que nos ajuda”, indica.
Já Élio Araújo, encena a figura de Simeão, que está na Igreja “onde não podia morrer sem beijar o Menino”.
“Temos um presépio ao vivo e ali termina o cortejo, com a eucaristia na Igreja; eu já fiz o papel de Herodes durante 19 anos, comecei quando teria uns 15 anos e agora faço o Simeão há uns 20 anos”, explica.
Com grande orgulho pela iniciativa nas Talhadas, Élio Araújo sente-se “feliz” a participar no cortejo dos Reis onde “acorre muita gente de todos os lados para ver”.
No final da celebração é feito o tradicional leilão de oferendas, que cada lugar reuniu, que reverte a favor da igreja paroquial de Talhadas.
A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA deste sábado, 07 de janeiro, pelas 06h00, na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online e em podcast.
SN