Aveiro: «O sacramento da Eucaristia não se pode separar do sacramento do pobre»

D. António Moiteiro explica que é «fundamental» compreender e viver «unidade fé-liturgia-vida»

D. António Moiteiro; Foto Diocese de Aveiro

Aveiro, 18 abr 2019 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro afirmou hoje que “o sacramento da Eucaristia não se pode separar do sacramento do pobre”, a solidariedade humana “tem uma dimensão eucarística” e assinalou que os pobres “foram parte integrante do ministério de Jesus”.

“Há que tornar o nosso ato de fé sobre a presença de Cristo no pobre e no marginal como o é na sua presença no pão e vinho consagrados. Os atos de caridade fraterna devem ser vividos como um gesto eucarístico”, disse D. António Moiteiro na Sé.

Na homilia da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo diocesano assinalou que as obras de misericórdia “estão no coração da celebração da Eucaristia” e “é fundamental” compreender e viver “a unidade entre fé-liturgia-vida”.

D. António Moiteiro lembrou que os pobres foram “parte integrante do ministério de Jesus” que viveu “toda a sua vida pública a fazer-se próximo” dos leprosos, dos possessos, dos que viviam mergulhados na miséria, dos sem-abrigo, dos que eram desprezados pela sociedade.

“Nesta noite santa, peçamos um coração cheio de compaixão e misericórdia capaz de lavar os pés aos nossos irmãos”, incentivou, uma vez que, quem recebe “a compaixão de Deus, deve manifestá-la para com o seu semelhante em atos concretos”.

Na Sé de Aveiro, recordou que o Evangelho de S. João não “oferece a tradição das palavras da Última Ceia”, mas o gesto profético de lavar os pés aos seus apóstolos “está cheio de significado, tal como está a entrega da sua vida no pão e no cálice da Última Ceia”.

“Lavar os pés tem a mesma dimensão de entrega que a própria ação de partir o pão e dar a beber do cálice da nova aliança. São dois gestos que se completam mutuamente”, observou.

D. António Moiteiro explica que a hora de Jesus, “que é a hora do amor derramado” pelas pessoas, “exige luta, uma guerra contra aqueles que querem impor o ódio como destino da humanidade”.

“A sua morte é um dom para toda a humanidade. Jesus, cingindo a toalha à cintura para lavar os pés a cada um de nós, não luta para não morrer, mas sim para que a sua morte tenha sentido e não seja cega e absurda como a morte que dá o mundo. Jesus cinge a toalha para não morrer odiando, mas amando”, desenvolveu, realçando que morreu “por todos e por isso lava também os pés a Judas”.

Na homilia ‘Memorial e vida da Última Ceia do Senhor’, D. António Moiteiro explicou que os profetas “sempre ofereceram gestos e sinais” que vão mais além do mero sentido literal e o gesto de partir o pão e dar o vinho a beber “constrói a Igreja”.

“É algo que acontece com a comunidade cristã na celebração litúrgica e com toda a humanidade pela qual Cristo deu a vida. Este é o sentido da sua entrega a todos os homens e mulheres de todos os tempos no pão e no vinho da aliança”, assinalou.

Esta sexta-feira Santa, o bispo de Aveiro preside à Oração de Laudes (09h30), à celebração da Paixão e Morte do Senhor (17h30) e à procissão comemorativa do Enterro do Senhor pelas ruas da cidade, entre a igreja da Vera Cruz e a Sé (21h30).

CB

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Agência ECCLESIA

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