D. António Francisco dos Santos admite situação difícil e destaca compromisso da diocese na luta contra a pobreza
Lisboa, 14 dez 2011 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro lamentou hoje a suspensão da fábrica de baterias da Nissan, em Cacia, sublinhando à Agência ECCLESIA que as pessoas da região ficaram “apreensivas” e “desoladas”.
D. António Francisco dos Santos sublinhou que a população “ficou contente” quando soube da implementação desta unidade fabril, mas teve um sentimento inverso com as últimas notícias, “apesar do processo ainda não estar encerrado”.
A Nissan anunciou segunda-feira que vai suspender a fábrica de baterias em Aveiro para os seus carros elétricos, que deveria começar a laborar no início do próximo ano, produzindo 50 mil unidades por ano.
O anterior primeiro-ministro, José Sócrates, lançou a 11 de fevereiro deste ano a primeira pedra da fábrica, que representaria um investimento de 156 milhões de euros e a criação de 200 postos de trabalho.
Neste “momento difícil” que o país atravessa a nível do emprego, D. António Francisco Santos referiu que a presença da empresa traria “uma mais-valia e uma resposta de qualidade e qualificação” dos trabalhadores.
O sul do distrito de Aveiro, zona “bastante industrializada”, mas que tem também a sua “vertente rural e das pescas”, “não é o mais atingido” pelo desemprego, mas ele existe e “preocupa”.
“Tudo o que se puder fazer para valorizar o tecido industrial é benéfico”, disse o prelado, na sede da Conferência Episcopal Portuguesa, em Lisboa.
O bispo de Aveiro recordou que há dois anos foi criado o fundo de emergência social e, atualmente, a diocese “está a valorizar os grupos de ação sociocaritativa” para que “não haja ninguém em Aveiro a quem falte o pão na mesa”.
Perante uma “situação complicada” na criação de novos postos de trabalhos a Igreja “não pode ficar só no olhar para crise nem na leitura das razões e das causas da crise”, mas deve “dar um passo maior”.
D. António Francisco dos Santos constata que nos últimos meses se notou “um aumento de cerca de 40%” nos pedidos de ajuda à Caritas de Aveiro, frisando que a diocese está empenhada nas “respostas às novas situações de pobreza”.
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), do qual o prelado é vogal, pediu esta quarta-feira uma maior “garantia” de emprego, considerando que o país se deve “mobilizar para responder prioritariamente àquilo que de modo algum pode esperar”.
“É este o caso fundamental do trabalho e do emprego, base indispensável de sobrevivência e dignificação humana; a sua garantia é urgente, mesmo exigindo mais criatividade e solidariedade prática para chegar a todos”, pode ler-se numa nota pastoral intitulada ‘Crise, discernimento e compromisso’.
LFS/OC