Autismo: Papa pede «empenho» e «responsabilidade» de toda a sociedade

Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde reuniu especialistas dos cinco continentes para debater desafios científicos e eclesiais da doença

Cidade do Vaticano, 22 nov 2014 (Ecclesia) – O Papa Francisco encontrou-se hoje com os participantes do congresso internacional da Pastoral da Saúde dedicado ao autismo, e pediu o “empenho” da comunidade na promoção do “acolhimento, encontro e solidariedade”, na Sala Paulo VI, no Vaticano.

“É necessário o empenho de todos para promover o acolhimento, o encontro e a solidariedade, numa obra de renovação da esperança contribuindo para romper o isolamento e, em muitos casos, o estigma de sobrecarregar as pessoas com transtornos do espetro do autismo, como muitas vezes suas famílias, disse o Papa.

Francisco destacou que esta iniciativa do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde (CPPS) é “meritória e atual” por ser dedicada a um tema “complexo” como o autismo que é um dos campos que “interpela diretamente à responsabilidade” dos governos, das instituições e da comunidade cristã.

O distúrbio autista é “uma fragilidade que afeta” muitas crianças com consequências para as suas famílias alertou o Papa que explicou que o “acompanhamento não é anónimo e impessoal” mas significa “ouvir as necessidades profundas que brotam do fundo de uma doença” que muitas vezes tem dificuldade “não só para ser diagnosticada” mas e, especialmente para as famílias, para “ser aceite sem vergonha ou em solidão”.

Por isso, para o Papa na assistência às pessoas afetadas por transtornos do espetro do autismo é “desejável criar” uma rede de apoio e serviços abrangentes e acessíveis que envolva os pais, avós, amigos, terapeutas, educadores e agentes pastorais.

“Estes números podem ajudar as famílias a superar o sentimento, que às vezes podem surgir, inadequação, ineficiência e frustração”, desenvolveu.

O congresso internacional que terminou hoje e começou na quinta-feira reuniu 700 pessoas de 57 países dos cinco continentes.

A iniciativa tem como tema ‘A pessoa com distúrbios do espetro autista: animar a esperança’ e analisou os desafios colocados pelo autismo à Pastoral da Saúde, bem como à ciência, à medicina, às famílias, às estruturas educativas e assistenciais e, mais em geral, à sociedade e governos.

Esta foi a primeira vez que um Papa se encontrou, de forma oficial, com estes doentes e as suas famílias.

Francisco encorajou ainda o “empenho” dos estudiosos e investigadores que trabalham na descoberta de “terapias e ferramentas” para apoiar e ajudar a curar mas essencialmente “para prevenir o aparecimento destas doenças”.

O Papa rezou ainda com os presentes pelo cardeal Fiorenzo Angelini, o primeiro presidente do CPPS [1989-1996], que faleceu esta noite em Roma com 98 anos.

Durante a conferência internacional estiveram expostas obras do artista Leland Lee, de Taiwan, um pintor autista que esteve presente no encontro de hoje no Vaticano e entregou um quadro ao Papa Francisco.

O transtorno do espetro autista, que altera as capacidades de comunicação, de sociabilização e de interação dos indivíduos, afeta cerca de 70 mil pessoas em Portugal e perto de 70 milhões em todo o planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde.

O movimento 'Fé e Luz', da Igreja Católica, acompanha em vários países, incluindo Portugal, pessoas autistas e portadoras de deficiência mental, com as suas famílias.

A próxima conferência do conselho pontifício vai realizar-se por ocasião dos 30 anos do CPPS e dos 20 anos da carta encíclica ‘Evangelium Vitae’, do Papa São João Paulo II, com o tema “Servir a cultura da vida e do acolhimento nos 20 anos da Evangelho Vita”.

CB

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