D. Januário Torgal Ferreira, vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Bispo das Forças Armadas, considerou ontem que o aumento de salários proposto pelo governador do Banco de Portugal, até 1,5%, não é socialmente aceitável.
“A subida de salários em Portugal é uma tarefa muito difícil, mas não subir um pouco mais também é roubar o ânimo, a esperança e a motivação que torna muito menos produtiva e lucrativa uma empresa”, salientou.
O prelado lembrou também as insuficiências do Salário Mínimo Nacional, lamentando que haja “quem estique” para que outros fiquem com “sobras” ao nível da retribuição do trabalho.
“O que é que são 500 Euros hoje, para uma pessoa, com a sua família?”, questionou, lamentando que hoje em Portugal haja “muito dinheiro esbanjado”.
As criticas de D. Januário Torgal Ferreira foram feitas à margem da apresentação, em Lisboa, da “Operação 10 milhões de estrelas – um gesto pela paz”, uma iniciativa de solidariedade que a Cáritas Portuguesa promove pelo sétimo ano consecutivo e que, este ano, tem como objectivo principal ajudar pessoas em situação de desemprego.
Em declarações aos jornalistas, este responsável repetiu por diversas vezes ter ficado “perturbado” perante os testemunhos ali oferecidos pelos desempregados que recebem apoio da organização católica, convidando os responsáveis pelo país a “ouvirem os pobres”.
Neste contexto, destacou a “generosidade espantosa por parte da Igreja” nesta área, apesar de admitir que ainda poderá ser feito mais.
O vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social apontou ainda o dedo aos que “vão ganhar dinheiro com a crise”, apelando, pelo contrário, a um “sentido de solidariedade” para com quem mais sofre com a actual situação, numa política de “pequenos passos”.