Atentado/Paris: «Liberdade não é apenas tolerância, tem de promover a paz»

Atos «criminosos mais do que religiosos» abrem debate sobre acompanhamento e integração de diferentes comunidades

Lisboa, 12 jan 2015 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) considerou hoje que os acontecimentos ocorridos em Paris no ‘Charlie Hebdo’ e na mercearia judaica são “mais criminosos do que religiosos”.

“Não se relaciona apenas com o fenómeno migratório, mas com opções que pessoas fizeram”, sublinha à Agência ECCLESIA Eugénia Costa Quaresma, apontando a necessidade de “acolher, acompanhar e dialogar com estes jovens” que “muitas vezes estão dentro de duas culturas, não têm o sentido de vida e não se identificam com a comunidade de acolhimento”.

Um ataque ao jornal francês ‘Charlie Hebdo’, no dia 7, vitimou 12 pessoas, tendo desencadeado um novo ataque a uma mercearia judaica, dias depois, que culminou com a morte de quatro reféns e dos presumíveis atacantes dos dois incidentes com relações à Al-Qaeda.

Os acontecimentos geraram uma onda de solidariedade em todo o mundo, mobilizando cerca de dois milhões de pessoas numa marcha este domingo, em Paris.

A responsável pela OCPM indica a importância de aliar as “palavras aos atos”.

“A manifestação foi um sinal muito bonito de unidade entre judeus, muçulmanos e cristãos que se uniram contra o crime” mas, indica, a afirmação de liberdade tem de superar a tolerância: “tem de ser promotora de paz”.

A responsável afirma ser um “imperativo ético” criar condições para receber as pessoas nos países de destino indicando que o mundo “é um bem comum que temos de descobrir como gerir”.

Esta cooperação “desafia a Igreja” no entendimento e na promoção de ações com “organizações não-governamentais, religiões, sociedade civil”, criando condições “para acolher nos países de destino” e circunstâncias “nos países de origem para que as pessoas não sejam obrigadas a emigrar”.

Eugénia Costa Quaresma sublinha que este é um discurso “que tem de ser afirmado nestes dias” para que a liberdade não seja posta em causa.

“O Tratado de Schengen fala-nos da liberdade das pessoas; mais do que os bens materiais, deveria ter a liberdade de circulação assente. Deveríamos aprender a fazer isto sem colocar apenas a tónica da segurança quando falamos de circulação", acrescenta.

LS

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Agência ECCLESIA

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