O atentado contra João Paulo II terá sido decidido pelo antigo líder soviético Léonid Brejnev e organizado por serviços militares soviéticos. A conclusão é avançada pelo presidente de uma comissão parlamentar italiana, o senador Paolo Guzzanti, citado pela imprensa italiana. O relatório da “commissãoMitrokhine”, encarregada pelo Parlamento italiano de investigar as actividades dos serviços secretos comunistas na Itália, durante a guerra fria, deverá ser publicado nos próximos dias. A comissão trabalho, principalmente, sobre os “arquivos” de um ex-agente do KGB que se mudou para o Ocidente no início dos anos 90, Vassili Mitrokhine. Paolo Guzzanti cita igualmente o juiz anti-terrorista francês Jean-Louis Bruguière, que lhe teria confiado, em Outubro de 2004, a sua convicção de que o atentado cometido por Ali Agca fora obra do GRU, serviços secretos militares soviéticos. Para o parlamentar italiano, o atentado terá sido planificado pelas autoridades militares soviéticas, instruídas nesse sentido por Léonid Brejnev, presidente do Comité Central do Partido Comunista da URSS. Neste cenário, os serviços búlgaros teriam servido de “cobertura”, enquanto que a Stasi, da RDA, teria sido encarregada da “desinformação”. A 13 de Maio de 1981, o turco Ali Agca, então com 23 anos, disparou e feriu no abdómen João Paulo II, quando esteve viajava num carro descapotável, na Praça de S. Pedro a caminho de uma audiência. João Paulo II visitou pessoalmente Agca na prisão romana de Rebbibia, em 1983, para manifestar-lhe o seu perdão. Agca passou 19 anos em prisões italianas, sendo depois extraditado para a Turquia, onde foi condenado a prisão perpétua pelo assalto a um banco nos anos 70 e pelo assassínio de um jornalista em 1979, pena depois comutada para dez anos de prisão. No seu último livro “Memória e Identidade”, João Paulo II afirmava-se convencido de que Ali Agca actuou a mando de alguém, sem citar nenhum país. Em 2002, na Bulgária, o Papa Wojtyla afirmou que “nunca” acreditara na pista búlgara sobre o atentado. João Paulo II acreditava que uma “ideologia da prepotência encomendou o atentado” executado por Ali Agca a 13 de Maio de 1981. Em “Memória e Identidade”, o Papa apresentava pela primeira vez as suas convicções sobre a responsabilidade por este episódio. “Acredito que este atentado foi uma das últimas convulsões das ideologias da prepotência, que se desencadearam no século XX. A violência motivada por tais argumentos também se manifestou aqui na Itália: as Brigadas Vermelhas matavam homens inocentes e honestos”, relatou. Narrando depois a conversa que teve em 1983 com Agca na prisão, escreveu: “Ali Agca, como todos dizem, é um assassino profissional. Isto significa que o atentado não foi uma iniciativa sua. Alguém o idealizou, alguém o contratou para executá-lo”.