Os reiterados e contínuos ataques a igrejas e imagens associadas ao catolicismo na Venezuela estão a provocar um clima de grande clivagem entre o Governo do país e a Confer~encia Episcopal Venezuelana, dada a impunidade de que gozam os mentores desses actos. A Igreja Católica venezuelana emitiu um comunicado neste fim-de-semana a repudiar os ataques, assegurando que estes estão a preocupar os fiéis venezuelanos. «É insólito, isto nunca se tinha visto na Venezuela», frisou D. Juan Maria Leonardi, bispo de Paraguaná, para quem “tem sido muito triste constatar que várias pessoas com intenções desconhecidas se dediquem a profanar imagens religiosas”. Na última semana registaram-se quatro ataques a instituições eclesiásticas e imagens católicas, sendo que o mais recente aconteceu na sexta-feira quando vândalos atacaram as “grutas religiosas” da comunidade Cardón, no Estado de Falcón, e degolaram as imagens da Nossa Senhora de Guadalupe e do “Divino Niño” (Menino Jesus). O bispo local, Roberto Luckert, frisa que os ataques físicos e as constantes agressões verbais contra a Igreja Católica Venezuelana procuram «que outras pessoas saiam à rua para anarquizar o país, porque com o povo anarquizado justifica-se qualquer saída, até uma saída de facto» à crise político-económica que afecta a Venezuela. “Nós, os venezuelanos, queremos viver em democracia, em liberdade e queremos ir ao revogatório [referendo] para confirmar ou afastar o presidente Hugo Chávez do poder, mas queremos fazê-lo em paz, em liberdade, sem violência”, refere o prelado, argumentando que a linguagem presidencial tem contribuído para o clima de violência. “Em cinco anos ainda não vimos nenhum corrupto preso, mas cada vez que Chávez e os seus seguidores falam, insultam meio mundo, chamando-os de corruptos, ladrões, assaltantes”, disse.