Assistência espiritual tem lugar nas Forças Armadas

D. Januário Torgal Ferreira e General Valença Pinto deixam votos numa homenagem póstuma a D. António Reis Rodrigues

O Bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, manifestou a sua convicção de que não haverá mudanças "significativas" na assistência religiosa aos militares, afirmando mesmo que se tal acontecesse seria um "empobrecimento" para o Estado.

"Num país que deve defender os Direitos Humanos, esta é uma oportunidade de defender o direito à liberdade religiosa. O Estado seria ditador e totalitário, poderia chegar a esse ponto, se fechasse às portas à liberdade religiosa", alerta.

Falando ao Programa ECCLESIA, este responsável assegura "sem quaisquer ambiguidades", que no actual processo de regulamentação da Concordata "nada será pobreza para o sector da Igreja neste ambiente".

"A própria Igreja devia começar por ser exigente consigo própria, ou seja, um capelão deste sector deve ser um homem de Deus, culto, competente, educado, de formação permanente, defensor da justiça, sobretudo dos pobres e desconsolados", acrescenta.

O Bispo das Forças Armadas e de Segurança adianta que "não haverá um capelão pago pelos dinheiro dos portugueses só para um crente, tem de haver condições concretas de justiça equitativa".

"O Estado português deve comprometer-se no sentido de abrir as portas a todos os crentes, cumprida a legalidade, a exactidão, a coragem e as perspectivas de um Estado de Direito", prossegue.

Manifestando-se "optimista", D. Januário Torgal Ferreira deixa a indicação de que "a Igreja em Portugal nunca será prejudicada".

"Fico muito feliz por conseguirmos, pela primeira vez na história, um estatuto para as Forças de Segurança e pelo facto de as outras confissões religiosas verem cumpridos os seus anseios", diz ainda.

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Valença Pinto, frisa, por seu lado, que "sempre houve tradição de capelães nas Forças Armadas Portuguesas", adiantando acompanhar "com interesse" as negociações relativas à regulamentação da Concordata, embora sejam "da esfera da acção política".

Ambos falavam após uma homenagem póstuma a D. António Reis Rodrigues, falecido no passado dia 3 de Fevereiro. Na cerimónia, que decorreu Terça-feira na Academia Militar (Amadora), foram entregues à família do primeiro Bispo das Forças Armadas Portuguesas as insígnias da Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, pelos serviços prestados a Portugal.

No seu discurso, o General Valença Pinto falou de D. António dos Reis Rodrigues como "um homem de Igreja e um príncipe de pensamento", um pensamento "tocantemente motivador e responsabilizante".

Em declarações ao Programa ECCLESIA, o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas lembrou o papel do falecido Bispo, na Academia Militar, como "formador, porque foi capelão, professor de todos os jovens cadetes e influenciou decisiva e determinantemente essas gerações que por aqui passaram".

Este responsável lembra ainda que foi D. António dos Reis Rodrigues que "estruturou a assistência religiosa às Forças Armadas".

O falecido Bispo foi, durante 16 anos (1947-1963), capelão da Academia Militar. Em Julho de 1966, foi nomeado Vigário-Geral Castrense. Desempenhou as funções de Pró-Vigário Castrense e Capelão-Mor das Forças Armadas entre 1967 e 1975, ano em que foi nomeado Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa.

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