Assis: nunca mais a guerra entre religiões

Assis volta acolher, durante dois dias, os líderes das maiores religiões de todo o mundo para um encontro de paz, 20 anos depois da jornada de oração convocada por João Paulo II na cidade natal de São Francisco, a 27 de Outubro de 1986. “Nunca mais a guerra entre religiões” poderia ser o mote para esta reunião convocada pela Comunidade de Santo Egídio, sob o tema “Por um mundo de paz. Religiões e culturas em diálogo”. Representantes de várias confissões cristãs, muçulmanos, judeus e fiéis de outras religiões começaram esta manhã a delinear as ideias-chave que irão dar vida a estes dois dias de trabalho. O Cardeal Paul Poupard, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, presidiu à abertura dos trabalhos e manifestou-se convencido de que o diálogo entre culturas e religiões, nos nossos dias, é hoje uma “necessidade absoluta” num mundo marcado pelo terrorismo, a violência e a instrumentalização das convicções religiosas. Este membro da Cúria Romana observou que as religiões são, muitas vezes, acusadas de “fomentar o ódio e causar a violência”, mas assegurou que “longe de serem um problema, elas são parte da solução desejada para trazer paz e harmonia à sociedade”. Para o Cardeal Poupard, o ecumenismo “antes de ser um acordo, é um modo de vida: olhar com amor para o outro é o mandamento do Senhor”. O fundador da Comunidade de Santo Egídio, Andre Riccardi, levou os participantes até 1986, naquele que foi um encontro “de amizade e oração” para que todos os crentes estejam “uns ao lado dos outros e nunca mais uns contra os outros”. 20 anos depois, a repetição do encontro justifica-se “para que as distâncias entre os mundos religiosos e culturais não se alarguem ainda mais, através da publicidade do ódio e do desprezo”. Bento XVI, na mensagem que enviou aos participantes do encontro, falava do encontro de 1986 como uma “profecia”, que os acontecimentos destas últimas décadas se encarregaram de confirmar. A queda dos regimes comunistas e o fim da guerra fria foram momentos de “uma esperança geral de paz”, mas o surgimento do terrorismo marcou o início do terceiro milénio. Muitos dos conflitos parecem nascidos de uma instabilidade provocada “pelas diversidades culturais e pelas próprias diferenças religiosas”, pelo que o Papa convida todos os líderes religiosos mundiais a um “testemunho comum de paz”, como já tinha feito João Paulo II.

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