Encontro com jovens da «Economia de Francisco» apela a «compromisso de colocar os pobres no centro»
Assis, Itália, 24 set 2022 (Ecclesia) – O Papa defendeu hoje em Assis, Itália, a necessidade de mudanças urgentes para a proteção do ambiente e mais pobres, apelando ao fim do uso de combustíveis fósseis.
“Este é o momento para uma nova coragem em abandonar as fontes de energia fóssil, para acelerar o desenvolvimento de fontes de impacto zero ou positivo”, declarou, perante cerca de mil jovens de 120 países, incluindo Portugal, encerrando o encontro ‘Economia de Francisco’ 2022.
“Se falamos de transição ecológica, mas permanecemos dentro do paradigma económico do século XX, que saqueou os recursos naturais e a terra, as manobras que adotarmos serão sempre insuficientes”, acrescentou.
A intervenção apresentou a figura de São Francisco de Assis como inspiração no esforço de criar uma “economia amiga da terra e uma economia de paz”.
“Trata-se de transformar uma economia que mata em economia da vida, em todas as suas dimensões”, precisou.
O Papa ligou o “grito da terra” ao “grito dos pobres”.
“Nem todas as soluções ambientais têm os mesmos efeitos sobre os mais pobres e, portanto, devem ser preferidas aquelas que reduzem a miséria e as desigualdades. Enquanto tentamos salvar o planeta, não podemos negligenciar o homem e a mulher que sofrem”, realçou.
Perante economistas, gestores, estudantes, empresários e agentes de mudança, Francisco assinalou o impacto da crise ambiental, da pandemia e das várias guerras, como acontece na Ucrânia, atualmente, sobre a vida das novas gerações.
O Papa foi acolhido com uma apresentação artística e os testemunhos de oito jovens, que abordaram várias das questões referidas.
O discurso propôs uma nova relação da humanidade com a natureza, para travar a sua exploração desenfreada, pedindo “uma mudança rápida e decidida”.
Francisco dedicou grande parte da sua intervenção à questão da pobreza, convidando os presentes a “assumir o compromisso de colocar os pobres no centro” e “abrir novos caminhos para que os próprios pobres se possam tornar protagonistas da mudança”.
Não devemos amar a miséria, pelo contrário devemos combatê-la, antes de tudo criando trabalho, trabalho digno. Mas o Evangelho diz-nos que, sem estimar os pobres, não se combate nenhuma miséria. E é a partir daqui que devemos começar, mesmo vós, empresários e economistas: habitando estes paradoxos evangélicos de Francisco”.
O Papa destacou a necessidade de olhar a realidade “pela perspetiva das vítimas e dos descartados”, sublinhando como tema central a criação de emprego “para todos”.
“Sem trabalho digno e bem remunerado, os jovens não se tornam verdadeiramente adultos, as desigualdades aumentam”, observou.
Francisco falou ainda da urgência de regressar a uma economia concreta, com críticas ao sistema financeiro e à economia liberal.
Após o discurso, encerrado com uma oração, o Papa assinalou o “pacto por uma nova Economia”, proposto pelos jovens participantes.
Antes de regressar ao Vaticano, Francisco cumprimentou individualmente 30 jovens presentes no palco, incluindo Matheus Belucio da Silva, da Economia de Francisco- Portugal, que envergava uma t-shirt da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.
OC
Oração Pai, pedimos perdão por termos ferido gravemente a terra, por não respeitarmos as culturas indígenas, por não termos estimado e amado os mais pobres, por termos criado riqueza sem comunhão. Deus vivo, que com o teu Espírito inspiraste os corações, os braços e as mentes destes jovens e os enviaste para uma terra prometida, olha com benevolência a sua generosidade, o seu amor, o seu desejo de passar a vida por um grande ideal. Abençoa-os, Pai, nos seus empreendimentos, nos seus estudos, nos seus sonhos. Acompanha-os nas dificuldades e nos sofrimentos, ajuda-os a transformá-los em virtude e sabedoria. Apoia os seus desejos de bem e de vida, sustenta-os nas suas deceções, diante dos maus exemplos, faz que não desanimem e continuem a sua jornada. Tu, cujo Filho unigénito se tornou carpinteiro, dá-lhes a alegria de transformar o mundo com amor, com engenho e com as mãos. Amen. Papa Francisco |