Assis 2011: «Nunca mais a guerra, nunca mais o terrorismo»

Mais de 300 líderes religiosos e académicos deram início a encontro de oração e reflexão pela paz

Assis, Itália, 27 out 2011 (Ecclesia) – Bento XVI e mais de 300 líderes religiosos e académicos deram início esta manhã a um encontro de oração e reflexão pela paz e a justiça no mundo, reunidos na cidade italiana de Assis, sob o lema ‘Nunca mais a guerra, nunca mais o terrorismo’.

As palavras de João Paulo II, lançadas em Assis, em janeiro de 2002 (pouco depois dos atentados do 11 de setembro, nos EUA), foram pronunciadas em diversas línguas durante um vídeo que recordava o Dia Mundial de Oração pela Paz, convocado pelo mesmo Karol Wojtyla, há precisamente 25 anos.

O filme retomou várias intervenções dos últimos dois Papas, em favor da paz e da defesa do ambiente, recordando ainda imagens e sons dos conflitos mais sangrentos do último quarto de século.

Nos ecrãs passaram ainda protagonistas destes 25 anos, como o sul-africano Nelson Mandela ou a birmanesa Aung San Suu Kyi.

Após uma viagem de comboio, Bento XVI e os representantes religiosos dirigiram-se para a basílica de Santa Maria dos Anjos, onde foram acolhidos pelo cardeal Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, organismo da Santa Sé, que sublinhou o “chamamento comum a viver juntos em paz”.

Em seguida, tiveram início as intervenções de dez líderes de religiões e uma representante dos não crentes, com o patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, a declarar que “todo o diálogo verdadeiro” traz em si as sementes de uma “metamorfose possível”

“É da indiferença que nasce o ódio”, referiu o patriarca, que recordou a “primavera árabe” e alertou para a situação dos cristãos no Médio Oriente

Por seu lado, Rowan Williams, arcebispo da Cantuária, primaz da Comunhão Anglicana (Inglaterra), deixou aos presentes uma convicção que diz ser partilhada por todos os crentes: “Em última instância, não somos estranhos uns para os outros”

Olav Fykse Tveit, secretário-geral do Conselho Ecuménico das Igrejas, lembrou os atentados de julho, na Noruega, que deixaram 76 mortos em Oslo e na ilha de Utoya, cometidos pelo norueguês Anders Behring Breivik.

O Rabino David Rosen, representante do Grão Rabinato de Israel, agradeceu a João Paulo II e a Bento XVI por estas iniciativas pela paz, “expressão sublime da vontade divina”.

Os países representados em Assis são mais de 50, entre os quais Egito, Paquistão, Jordânia, Irão, Arábia Saudita e outros que, segundo a Santa Sé, “são talvez dos que mais sofrem neste momento histórico por causa dos problemas da liberdade religiosa”.

Julia Kristeva, filósofa franco-búlgara, falou em nome dos não crentes presentes no encontro, convidando a uma “cumplicidade” entre o humanismo cristão e o que brotou do Iluminismo.

“O encontro das nossas diversidades aqui, em Assis”, indicou, mostra que “a hipótese da destruição não é a única possível”.

OC

Notícia atualizada às 14h01

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Agência ECCLESIA

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