Assembleia de Igrejas cristãs abre novas perspectivas para o ecumenismo

Chega hoje ao fim, em Porto Alegre, a IX Assembleia Geral do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), que durante 10 dias reuniu cerca de 4 mil participantes, sendo 700 delegados de 340 igrejas e comunidades eclesiais de todo o mundo. O maior encontro ecuménico internacional abriu novas perspectivas sobre a unidade da Igreja e as possibilidades de aproximação entre as várias confissões cristãs. No documento “Chamados a ser uma só Igreja” são recolhidas as contribuições de vários teólogos destas Igrejas, esperançados em fazer do CMI um instrumento privilegiado para o movimento ecuménico, rumo a uma unidade visível. Os delegados foram convidados a renovar o seu compromisso na busca dessa unidade, aprofundando o diálogo, apesar das várias dificuldades que se vão encontrando. O Baptismo comum continua a ser a grande base para estabelecer relações, precisando, por isso, de um reconhecimento mútuo entre todas as igrejas. O Pe. Jorge A. Scampini, Dominicano, lembrou que desde a perspectiva católica, muitos elementos presentes no documento do CMI são “obstáculos reais” para a unidade visível, mas frisou que é preciso enfrentar as questões levantadas. “As igrejas devem estabelecer conversações renovadas sobre a qualidade e o grau da sua comunhão, bem como sobre aquilo que ainda as divide”. Outros conferencistas mostraram-se agastados com a “estagnação ecuménica” em que se parece viver, nos nossos dias, assegurando mesmo que “o modo de fazer ecumenismo deu o que tinha a dar”. A solução, por isso, seria “desagarrar-se do passado e tornar-se abertos ao futuro”. A unidade dos cristãos, notou-se, é cada vez mais necessária, perante o avanço do processo da globalização. “Se não nos conseguirmos reconhecer uns aos outros como Igrejas, no sentido pleno da palavra, teremos dificuldades em chamar à unidade os povos do mundo”, reconheceu Margot Kässman, da Igreja Evangélica Luterana na Alemanha. Bento XVI destacou a importância da colaboração com o Conselho Mundial das Igrejas (CMI), na mensagem que enviou à Assembleia, referindo que “após 40 anos de colaboração frutuosa, esperamos continuar esta jornada de esperança e promessa, à medida que intensificamos os nossos esforços, rumo ao dia em que os Cristãos estarão unidos na proclamação da mensagem evangélica de salvação para todos”. A Igreja Católica não é membro do CMI, mas colabora de vários modos com este organismo ecuménico e com a sua comissão Fé e Constituição, que tem a missão de procurar a unidade dos cristãos promovendo o estudo e a reflexão comum sobre temas em que permanecem divisões, ainda hoje, como é o caso da concepção eclesiológica nas várias confissões. O Grupo Misto de Trabalho, instituído em 1965, constitui a estrutura principal de coordenação das relações entre a Igreja Católica e o CMI. A representação católica nesta assembleia contou com 19 membros, sendo liderada por D. Brian Farrell, secretário do Conselho Pontifício para a promoção da Unidade dos Cristãos. “É necessário que os cristãos falem e trabalhem com uma só voz”, defendeu, lembrando que esse esforço é fundamental para se evitar um conflito entre Oriente e Ocidente e também para responder às inquietações do mundo em geral.

Partilhar:
Scroll to Top