O Tribunal Provincial do Huambo, no planalto central de Angola, condenou ontem o cidadão angolano Sabino Vassovava a 20 anos de prisão pela morte do padre português José Afonso Moreira, ocorrida em Fevereiro. O sacerdote, de 80 anos, dirigia a Missão Católica do Bailundo desde 1963, tendo sido morto a tiro durante um assalto à sua residência ocorrido na noite de 8 de Fevereiro. Pertencia à Congregação dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos). Nasceu em Vila Real e era irmão do antigo governador civil e presidente da câmara daquele município transmontano, Armando Moreira. Formado em Filosofia Teológica no Seminário de Viana do Castelo, Afonso Moreira foi ordenado sacerdote a 23 de Dezembro de 1950, em Braga. Entre 1951 e 1958, dirigiu o Seminário Menor de Tchipeio, no município de Ecunha, na província angolana do Huambo, tendo-se deslocado depois para a província de Benguela, onde trabalhou, entre 1958 e 1963, na Missão Católica de Balombo. Em 1963, assumiu a direcção da Missão Católica do Bailundo, funções que exerceu até à sua morte. Na sentença ontem proferida pela 3.ª Secção Criminal do Tribunal do Huambo, o juiz condenou ainda Sabino Vassovava ao pagamento de uma indemnização de 500 mil cuanzas (cerca de 4.900 euros) aos familiares do sacerdote português. O tribunal, que decidiu absolver os dois outros réus deste processo, Tiago Mateus e António Kassengo, considerou que o crime foi «premeditado», dando como provadas várias ameaças que Sabino Vassovava proferiu contra o padre Afonso Moreira. A sentença considerou como agravantes a idade avançada da vítima e a premeditação do crime, tendo apresentado como atenuantes para a pena aplicada o facto de Sabino Vassovava ter sido militar das Forças Armadas Angolanas (FAA), estar desempregado e ter «responsabilidades familiares sobre 25 pessoas». No final da audiência, em declarações à agência Lusa, Sabino Vassovava reafirmou a sua inocência, salientando a sua formação católica. «Não houve justiça, eu sou católico, pelo que nunca mataria ninguém, muito menos um padre», afirmou. Nos termos da lei angolana, qualquer sentença superior a quatro anos de prisão obriga a um recurso para o Tribunal Supremo, em Luanda. Sabino Vassovava vai aguardar a decisão do tribunal superior na Cadeia da Comarca do Huambo.