Francisco alertou para a tentação de «ter um cristianismo diluído e morno»
Cidade do Vaticano, 21 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa Francisco incentivou estudantes universitários de vários países na Ásia a “permaneçam sempre fiéis às suas convicções” e a “ter sempre esperança”, esta quinta-feira à tarde, numa conversa online da iniciativa ‘Construindo Pontes na Ásia-Pacífico’.
“Permaneçam sempre firmes nas vossas convicções; mesmo que sejam tentados a viver uma fé morna porque os outros os atormentam, permaneçam fiéis à sua identidade e permaneçam fortes como os mártires cristãos que foram perseguidos”, foram as palavras centrais do Papa no diálogo com os jovens universitários, divulga, esta sexta-feira, o portal ‘Vatican News’.
Francisco participou no encontro online ‘Construindo pontes na Ásia-Pacífico’ (‘Building Bridges Across Asia Pacific’), com estudantes universitários da região Ásia-Pacífico, esta quinta-feira, dia 20 de junho, organizado pela Universidade Loyola de Chicago e pela Comissão Pontifícia para a América Latina.
“Devemos ter sempre esperança”, afirmou o Papa no final de uma série de perguntas e reflexões propostas pelos jovens.
Francisco falou sobre o sentimento de “pertença” à sociedade e como isso aumenta a segurança própria de cada e a dignidade humana, fatores que “salvam da vulnerabilidade”.
“Os jovens de hoje são muito vulneráveis. Devemos sempre defender esse sentido de pertença para evitar a vulnerabilidade. Vejam onde vocês são mais vulneráveis e peçam ajuda a alguém”, aconselhou.
Participaram, neste terceiro encontro dedicado à sinodalidade e a construir pontes, alunos da Universidade Ateneu de Manila (Filipinas), da Universidade Católica Australiana (Brisbane, Austrália), da Universidade Católica Fu Jen (Taipé, Taiwan), da Universidade Sogang (Seul, Coreia do Sul), da Universidade Sophia (Tóquio, Japão).
Também estiveram presentes estudantes da Indonésia, Singapura, Timor-Leste e Papua Nova-Guiné, países que vão receber a visita do Papa Francisco durante a sua viagem apostólica à Ásia e à Oceânia, de 2 a 13 de setembro 2024.
Saúde mental, discriminação, estigmatização e identidade, foram outros temas neste encontro onde o Papa disse “concentrem-se na sua identidade”, e denunciou os estigmas que diminuem a dignidade das pessoas, lamentando que as mulheres sejam, por vezes, consideradas cidadãs de segunda classe, informa o portal de notícias do Vaticano.
“A grandeza das mulheres não deve ser esquecida. As mulheres são melhores que os homens em termos de intuição e capacidade de construir comunidades”, realçou.
Francisco convidou os estudantes a demonstrarem proximidade e amor uns pelos outros, a não excluírem ninguém, e, recordando as palavras de um estudante que falou sobre género, a elevada taxa de HIV nas Filipinas, afirmou: “Devemos garantir que a assistência na saúde esteja preparada para ajudar todas as pessoas, sem exclusões”.
Reconhecendo o quanto difícil pode ser para os jovens cristãos participarem e “pertencerem” à sociedade, incentivou-os a manterem a fé e a manterem os seus corações ligados à oração, que irá ajudá-los e permite que se comprometam sempre de forma mais eficaz com os outros.
“O facto é este: os cristãos foram perseguidos desde o início. Embora possa ser tentador ter um cristianismo diluído e morno, devemos ser sólidos e viver uma espécie de martírio, neste sentido”, assinalou.
O primeiro encontro sinodal desta série, intitulado ‘Building Bridges North-South’ (Construindo Pontes Norte-Sul), realizou-se em fevereiro de 2022, e o segundo, ‘Building Bridges Across Africa’ (Construindo Pontes na África), em novembro desse ano com estudantes da África Subsariana.
CB