As preocupações dos bispos lusófonos

Reunidos em S. Tomé e Príncipe, desde o dia 2 deste mês

Os bispos dos países lusófonos estão preocupados com a “apropriação indevida de bens”; com “as novas e sofisticadas formas de corrupção” e com a “comercialização da droga, o tráfico de pessoas, o desrespeito pela Vida”.

Reunidos em S. Tomé e Príncipe, desde o dia 2 deste mês, os representantes das Conferências Episcopais das Igrejas Lusófonas, debruçaram-se sobre o tema da “pobreza e exclusão social nos países que representam”.

Os presentes denunciam “a apropriação indevida dos bens, que deviam ser de todos, e estão a ser cada vez mais usurpados por oligarquias de poder político e económico que, sem qualquer escrúpulo, enriquecem à custa dos pobres” – lê-se num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

Também a corrupção mereceu uma reflexão social e ética por parte de todos os líderes religiosos reunidos neste IX Encontro, que foram dando conta “de novas e sofisticadas formas de corrupção que, para além de uma condenação ética, contaram também com um grito de lamento pelas gravíssimas consequências que tal prática acarreta na desorganização, muitas vezes, ao nível das próprias administrações públicas das quais seria legítimo esperar a defesa dos cidadãos” – sublinha o documento. E acrescenta: “Igual condenação social mereceram a comercialização da droga, o tráfico de pessoas, o desrespeito pela Vida”.

Como geradoras de pobreza e exclusão social foram também apontadas “as debilidades cada vez maiores das instituições da chamada sociedade civil, por falta de preparação técnica e consciencialização cívica na defesa dos seus legítimos direitos”.

Como propostas de actuação, os representantes das Conferências Episcopais das Igrejas Lusófonas declaram “ser prioritário, sem abandonar o que se tem vindo a fazer, investir mais na «alteração das estruturas» (através da preparação técnica e ética de novos quadros) do que a «gestão das conjunturas» (ao nível do simples assistencialismo)”.

Um “ensino que ajude a transformar mentalidades” e “a adquirir capacitações para que pessoas e comunidades deixem de ser simples «destinatários» de políticas sociais e subsidiações estatais” foi outra proposta lançada.

Os bispos pedem também que seja alicerçada cada vez mais a “intervenção social dos cristãos e das comunidades cristãs na doutrina social da Igreja, que, através do compromisso cristão, possam ir contribuindo para a criação de “homens novos” e «novas relações entre a Igreja e o Poder Político», ajudando a reabilitar a política, num quadro de diálogo de institucional com as legítimas Autoridades, no respeito pela esfera das respectivas legitimidades e poderes, mas sem renunciar, se vier a ser caso disso, à denúncia de todo e qualquer atentado contra Bem Comum e os direitos essenciais dos cidadãos”.

Como os objectivos do milénio, que deveriam estar alcançados em 2015, “estão muito longe de serem atingidos”. No comunicado final pede-se, especialmente, “aos líderes da União Europeia que honrem o seu compromisso de disponibilizar 0,7% do rendimento nacional para ajuda pública ao desenvolvimento”.

Estando vários países da lusofonia a celebrar o 35º aniversário da sua independência, sublinhou-se a importância “dos católicos participarem, de um modo mais interventivo e responsável, na construção de uma sociedade justa e fraterna”. “É desejável promover uma monitorização das políticas orçamentais que os vários governos traçam para os seus países, através da formação de técnicos devidamente preparados que possam colaborar com as administrações públicas de cada país e com as organizações internacionais financiadoras, de modo a garantir que as verbas orçamentadas para o desenvolvimento social sejam efectivamente utilizadas para os fins a que se destinam” – realça o comunicado final.

No IX encontro dos bispos lusófonos, os presentes apontam também algumas metodologias para os próximos encontros. “Ratifica-se também a deliberação tomada no VII Encontro (Em Fátima) no sentido da sua realização de 2 em 2 anos” e “Adopta-se também o princípio da rotatividade na escolha dos países onde decorrerá o encontro, tendo como referencial na sua escolha, em princípio, o critério da ordem alfabética dos países”. A Conferência Episcopal a quem couber a preparação do encontro contará com a Fundação Evangelização e Culturas (FEC) para secretariar e dar apoio logístico no antes, no durante e no depois do encontro.

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