A paixão pela fotografia começou cedo na vida de João Porfírio, em Portimão. Quando aos 15 anos a sua primeira fotografia é assinada e publicada num jornal, decide fazer disto a sua profissão. Em 2015, aos 19 anos, com 321 euros no bolso deixou um estágio e partiu para fotografar a crise dos refugiados, tendo estado em cinco países. Desde então já realizou reportagens no Iraque, França, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Croácia, Sérvia, Turquia, Grécia, Hungria, Eslovénia e Marrocos, e este ano acrescentamos o Brasil, onde esteve um mês e meio a cobrir as eleições presidenciais, e também os três meses que passou na Ucrânia. As suas fotografias têm pessoas e as suas histórias dentro. Entre fevereiro e maio foram muitos os cidadãos ucranianos que lhe disseram: «Obrigada por estar aqui, conte a minha história». É isso que João Porfírio quer fazer.
«Na Ucrânia toda a gente dizia: conte a minha história, obrigada por estarem aqui. Conte a minha história. Obrigada por contarem ao mundo que o meu filho foi morto com uma bala na testa, obrigada por contarem que tive de enterrar o meu marido no quintal da minha casa, que a minha vizinha foi violada por 10 homens das tropas russas. Não consigo contabilizar as pessoas que me disseram obrigado: «Ainda bem que vieram, ainda bem que estão aqui». Eles perderam os familiares, perderam tudo – querem que o mundo ocidental saiba o que ali se passa»
«A primeira imagem que vi, foram as filas de pessoas a sair da Ucrânia, e eu a entrar, na zona de Lviv. A primeira grande cidade onde estive e onde fiz as primeiras fotografias. Para se perceber o quão prematuro eu cheguei, estive na estação de comboios, onde uma semana depois, chegaram jornalistas do mundo inteiro, e no dia 25 eu era o único com uma câmara fotográfica»
«O sentimento de perda de uma boa fotografia não acontece se a fotografia não existir; Isso só acontece quando os nossos parceiros têm a fotografia ou quando o acontecimento está à nossa frente e nós não conseguimos ser suficientemente rápidos para fazer um disparo. Mas quantos acontecimentos acontecem na diagonal da minha nuca e eu não sei o que perdi, e ainda bem, caso contrário seria esmagador e frustrante»
«A dignidade humana está acima de tudo mas eu tenho de mostrar ao mundo o que as pessoas estão a viver, e essa é uma balança, entre outras que tenho dentro de mim, difícil»
«Tenho acompanhamento psicológico, e durante os três meses na Ucrânia, fiz questão de o manter semanalmente»