Lisboa, 23 dez 2013 (Ecclesia) – A época natalícia é vivida de múltiplas formas e com as mais variadas representações, mas de norte a sul do país, incluindo os dois arquipélagos, o presépio ocupa o lugar central.
A palavra «presépio» significa “um lugar onde se recolhe o gado, curral, estábulo”, mas é também a designação dada à representação artística do nascimento do Menino Jesus num estábulo, acompanhado pela Virgem Maria e São José, além de outras figuras como pastores, animais, anjos, os reis magos, entre outros.
A configuração plástica do nascimento de Jesus surgiu por iniciativa de São Francisco de Assis, em 1223, com figuras esculpidas à volta de uma manjedoura.
Esta primeira figuração aconteceu na cidade italiana de Greccio e foi colocada numa gruta natural, contanto com imagens em tamanho natural; o que restou desse presépio encontra-se, atualmente, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, conforme consta num inventário do Papa Martinho V (1417-1431).
A recriação da cena do nascimento de Jesus espalhou-se por todo o mundo e chegou facilmente à Península Ibérica e em Portugal foram feitos alguns dos mais belos presépios de todo o mundo, sendo de destacar os realizados pelo escultor Machado de Castro e os criados pelo barrista António Ferreira.
Se a construção do presépio é uma tradição que preenche os lares, praças e igrejas, existem outras com pequenas variantes consoante os povos e regiões que celebram o nascimento de Jesus.
A ceia natalícia – com ementas variadas conforme os locais – é uma tradição que convida à intimidade familiar.
A árvore de Natal com o seu verde, símbolo duma vida que não morre, a brilhar com enfeites luminosos apela à luz permanente que é Jesus.
O coração fica mais sensível nesta época e a troca de presentes é um símbolo de amizade que alegra crianças e crescidos; o toque dos sinos e os belos cânticos natalícios (dos populares aos mais eruditos) são uma forma de demonstrar a festa do nascimento. A mais popular das canções de Natal, «Noite Feliz» foi criada pelo padre Joseph Franz Mohr e pelo professor Franz Xavier Grueber: a letra veio da inspiração do padre numa noite estrelada, quando imaginava como teria sido a noite em que nasceu Jesus.
Escreveu a letra em forma de poema, uniu a melodia presenteada pelo compositor Grueber e utilizou-a na missa do Galo de 1818.
As missas do Natal são a principal forma de celebração pela Igreja do nascimento de Jesus: A mais importante é a «do dia», que foca o mistério da Encarnação, no entanto a que fala mais à sensibilidade humana é a «da meia-noite» (ou «do galo»), por relatar o nascimento de Jesus no presépio de Belém.
Ainda hoje, na liturgia católica, se recita a chamada “calenda”, como anúncio do nascimento de Jesus, que a oração coloca na época da 194ª Olimpíada e no ano 752 da fundação de Roma, entre outras referências históricas que fazem parte da introdução à missa do galo, celebrada à meia-noite, seguindo uma tradição que remonta aos primórdios da Igreja.
A festa do Natal, que os cristãos celebram a 25 de dezembro, assumiu uma forma definida no séc. IV, quando tomou o lugar da festa romana do ‘Sol invencível’.
LFS/OC
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