«As famílias sofrem da mesma crise de civilização que a sociedade»

A família é “a realidade base do equilíbrio da sociedade e o principal foco de estabilidade e esperança”. Ameaçada, segundo algumas opiniões, ou em transformação, segundo outras, a família está no centro da atenção da Igreja diocesana de Aveiro, no novo ano pastoral, que ontem (5 de Outubro) teve início no Seminário de Aveiro. O Correio do Vouga lançou três questões ao novo responsável pela pastoral familiar na diocese de Aveiro. Correio do Vouga – A família está mesmo ameaçada? Pe Francisco Martins – Noto, em primeiro lugar, que hoje fala-se de famílias devido a uma multiplicidade de modelos ou situações antigas ou novas das famílias. Não diria que as famílias se encontram ameaçadas, mas como realidade social, berço da pessoa humana, ponto de partida para a realização humana e para a humanização da sociedade, sofrem da mesma “crise de civilização” que a sociedade. Uma crise não é, própria e unicamente, algo de negativo. Falar de crise das famílias é falar do sentido das transformações em curso na sociedade, que tocam de perto as famílias pelas suas repercussões sócio-culturais, bem como dos novos desafios para anunciar o evangelho da vida e de amor no mundo de hoje, partindo dos problemas e ansiedades, das alegrias e das esperanças dos jovens, dos esposos, dos pais, e dos avós de hoje. Apesar de novas realidades, a família continua a ser a realidade base do equilíbrio da sociedade e o principal foco de estabilidade e de esperança. O segundo objectivo do plano pastoral para este ano afirma: “Propor meios pastorais concretos e acessíveis que apoiem e estimulem as famílias na sua fidelidade e realização e nos desafios que enfrentam no dia-a-dia”. A que meios se refere, em concreto? O que podemos esperar do próximo ano pastoral? Os meios, já propostos a todos os agentes de pastoral no Dia da Igreja Diocesana, carecendo, ainda, de uma maior especificação, têm subjacentes a relação recíproca e essencial entre as comunidades paroquiais (lugar e sujeito operativo mais imediato e mais eficaz da pastoral familiar), as estruturas arciprestais (equipa de pastoral familiar arciprestal) e as estruturas diocesanas (Secretariado Diocesano de Pastoral Diocesana e Conselho Diocesano de Pastoral Familiar). O SDPF, promotor e coordenador da pastoral familiar, garante da fecundidade e da eclesialidade de toda a acção pastoral familiar, propõe uma série de meios pastorais concretos para este ano pastoral, que tem por lema «A Igreja ao Serviço das Famílias» (ver caixa). A Igreja de Aveiro, pelo seu SDPF, está aberta à criatividade e propõe uma acção pastoral estruturante que integre toda a comunidade eclesial, tendo como princípio e fim a vida das famílias e como primeiro sujeito da mesma acção, as próprias famílias. O SDPF foi reestruturado. Em que sentido? Como responde às mudanças sociais? Que novidades? O Secretariado Diocesano de Pastoral Familiar foi reestruturado no seu todo, procurando, efectivamente, responder às mudanças e aos novos desafios sócio-culturais das famílias do nosso tempo, particularmente, as da Diocese de Aveiro. Esta efectiva preocupação está presente nos critérios tidos em conta no discernimento e escolha dos membros que constituem o Secretariado Diocesano. Em primeiro lugar, o Secretariado é constituído por casais e por um director e assistente padre. Em segundo lugar, os casais são representativos das diversas idades de matrimónio e famílias, bem como de situações especiais, a saber, a equipa é formada por famílias e casais, jovens e avós, divorciados e “recasados”, de diferentes campos de formação académica e experiência de vida. Por último, todos os casais têm um empenhamento efectivo nas suas comunidades paroquiais, onde, segundo a sua condição e carisma, dão testemunho concreto da alegria de serem esposos e família cristã no mundo de hoje. Este é, ainda, um Secretariado em formação humana e teológica, mas que, desde já, se disponibiliza para servir. Meios pastorais propostos pela Pastoral Familiar para 2006/07 * Constituição de equipas paroquiais e arciprestais de pastoral familiar; * Criação de Escolas de Pais Paroquiais; * Criação de um observatório permanente das famílias a funcionar no Centro de Acção Pastoral * Formação dos Agentes de Pastoral Familiar: – Dez temas de reflexão, estilo conferência-debate, abordando os desafios mais prementes às diversas idades do matrimónio e das famílias, a nível arciprestal; – Acções de Formação Contínua e Pós-Graduação em Ciências da Família, no ISCRA; – Acções de formação promovidas pelos Movimentos de Espiritualidade e Vida Conjugal e Familiar; – Jornadas de estudo sobre o matrimónio e a família; * Equipas de encontros de preparação remota para o matrimónio; * Equipas de encontros de preparação próxima para o matrimónio; * Equipa para acompanhamento de casais e famílias jovens; * Equipa para acompanhamento de matrimónios e famílias em situações especiais; * Equipa para acompanhamento de casais avós; * Semana da Vida; * IIº Dia Diocesano das Famílias.

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