As dores que não conseguimos dizer

José Luís Nunes Martins

Uma dor funda é um caminho que tem um princípio e um fim. Nunca nos deixa da mesma forma que nos encontrou. Muda o que somos a uma profundidade à qual as palavras não chegam. Engrandece-nos, apesar de tudo.

O amor que dói é também o único que nos cura.

Quem conseguirá explicar a outra pessoa o quanto os seus piores momentos lhe doeram e ainda doem, sentindo que disse tudo?

Podemos e devemos tentar partilhar o que trazemos no coração, mas com a certeza de que haverá uma espécie de coração do coração. Aí residem segredos que são mistérios até para nós mesmos.

A vida é feita de adversidades. A paz pela qual ansiamos não é deste mundo.

Também é verdade que, muitas vezes, sofremos demais por coisas que não valem nem uma lágrima.

Quem não quer sofrer não pode viver, muito menos amar.

A dor desperta-nos forças que não tínhamos.

Se, em silêncio, conseguirmos fazer uma peregrinação à fonte da vida que há em nós… é bem possível que, ao chegarmos lá, encontremos uma porta que dá para o céu.

(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)

Partilhar:
Scroll to Top