O segundo país com mais católicos ainda tem contradições neste direito fundamental A actual visita «Ad Limina» dos bispos do México revela “a difícil história das relações entre Igreja e Estado no país latino-americano” – considera a «Rádio Vaticano». A emissora pontifícia, no seu noticiário internacional desta terça-feira, abriu com uma análise sobre os desafios do país com o maior número de católicos do mundo, depois do Brasil, e com uma história de “mais de um século de dramas, perseguições e mártires». As relações Igreja-Estado foram complicadas desde 1821, data na qual o México alcançou a sua independência da Espanha, segundo declarava o noticiário. “Foi apoiada por católicos e não-católicos, mas os liberais revolucionários tentaram com todos os meios subtrair o país da influência da Igreja católica”. “A fractura tornou-se formal e insuperável em 1917. O México adoptou uma constituição que deu origem a uma série de abusos: religiosas, sacerdotes, seminaristas ficaram privados dos direitos civis, eliminou-se a liberdade de ensino e de imprensa concedida aos católicos”. A reacção a estas imposições, segundo recorda a emissora, aconteceu em 1926, quando jovens operários e estudantes se organizaram em torno destes princípios. Surgiu a chamada guerra dos «Cristeros», que levou Pio XI a denunciar a terrível situação dos católicos mexicanos na encíclica Iniquis afflictisque (18 de novembro de 1926). A situação evoluiria pouco depois da eleição ao pontificado de João Paulo II, que visitou o México na sua primeira viagem internacional (janeiro de 1979), para participar na Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano celebrada em Puebla. “Para a Igreja no México, após décadas de sofrimento, chegou a hora de fazer escutar a sua voz sobre os problemas sociais da nação, sobre a qual pesa uma grave crise económica e financeira” – explicou a «Rádio Vaticano». A grande mudança aconteceu em 1991 com a reforma da Constituição que levou ao reconhecimento dos direitos negados à Igreja durante mais de cem anos. México e Santa Sé restabeleceram ao mesmo tempo as suas relações diplomáticas. A 10 de agosto, a Conferência Episcopal Mexicana publicou um comunicado com o título «Por uma autêntica liberdade religiosa no México», no qual advertia: «Um Estado que queira ser realmente democrático não pode prescindir do respeito pleno à liberdade religiosa dos seus cidadãos» (Cf. Zenit, 17 de agosto de 2005). No México, assegura o documento, “reconhece-se a liberdade de culto, mas com claras e marcadas privações”. Em particular, denunciava a falta de “liberdade de difusão de credos, ideias ou opiniões religiosas”, pois a Igreja não tem acesso a certos meios de comunicação. O texto também denunciava a falta de “direito à formação, educação e associação religiosa”, e “à objecção de consciência”. Dos seus 106 milhões de habitantes, os católicos no México são cerca de 90%. A visita «ad limina» dos 115 bispos mexicanos residenciais e auxiliares decorrerá durante todo o mês de Setembro.