Arte Sacra: Resplendor de Santo Cristo, a melhor joia devocional portuguesa

Mota Amaral considera que a obra, de regresso aos Açores, «está cheio de conteúdo catequético»

Lisboa, 31 out 2014 (Ecclesia) – O resplendor do Senhor Santo Cristo dos Milagres (Açores) é uma “joia que revela a altíssima qualidade” da joalharia portuguesa na segunda metade do século XVIII, considera João Bosco Mota Amaral.
 
Numa visita à exposição «Splendor et Gloria – cinco joias setecentistas de exceção» patente ao público até 04 de janeiro de 2015, no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, o antigo presidente da Assembleia da República reconheceu à Agência ECCLESIA que foi “difícil” deslocar a peça para a exposição e que se devia ter explicado à população as razões e que ela “iria sofrer obras de restauro e limpeza”.
 
O Resplendor de Santo Cristo, que esteve exposto até esta quinta-feira no referido museu, é “a peça mais sumptuosa de todo o conjunto” que constitui o tesouro reunido à volta da imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, “aquela que permite ao património açoriano rivalizar, neste capítulo, com o que de melhor se fabricou então no mundo”, escreve António Filipe Pimentel, diretor do MNAA, no catálogo da exposição.
 
A obra de joalharia – feita em platina cromada e com 6842 pedras preciosas – toda ela está cheia de simbolismo: “uma peça devocional com conteúdo catequético”, disse João Bosco Mota Amaral.
 
Além do valor artístico, a joia – pesa cerca de 5 quilos – está carregada de elementos simbólicos ligados à teologia que, em alguns casos, “é preciso observar à lupa”, acrescenta o antigo presidente da Assembleia da República.
 
O refinado tratamento do ouro, o nível da aplicação e engaste das pedras preciosas provam “exatamente esse ponto de excelência que atingiu a dupla Mateus Vicente de Oliveira — Adão Gottlieb Pollet”, assinala o catálogo.
 
O resplendor do Senhor Santo Cristo dos Milagres “é sem dúvida a maior e melhor joia devocional portuguesa, funciona assim como um verdadeiro testamento artístico dos dois grandes mestres, morrendo ambos em data próxima da finalização da peça”, lê-se.
 
Para além do resplendor daquele santuário açoriano (Ilha de São Miguel – Ponta Delgada), os visitantes podem visualizar também a custódia da Bemposta, estrela de primeira grandeza na coleção de ourivesaria do Museu Nacional de Arte Antiga; a custódia da Sé Patriarcal de Lisboa; o resplendor do Senhor dos Passos da Graça de Lisboa e o hábito grande das Três Ordens Militares, outrora integrante das Joias da Coroa portuguesa e hoje pertencente ao acervo do Palácio Nacional da Ajuda.
 
LFS
 
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Agência ECCLESIA

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