Arte: Bispo elogia humanismo cristão do pintor Júlio Resende

D. João Lavrador, um dos vogais da comissão da Igreja Católica responsável pela cultura, presidiu à missa exequial do artista

Valbom, Porto, 23 set 2011 (Ecclesia) – O bispo D. João Lavrador, um dos vogais da comissão da Igreja Católica responsável pela cultura, elogiou o humanismo cristão de Júlio Resende durante a missa exequial do pintor, celebrada esta quinta-feira na igreja paroquial de Valbom, Gondomar.

“Falar do homem, da natureza, da esperança, da simplicidade, da atenção ao outro, da interioridade, da sua fé em Jesus Cristo e pertença à Igreja, é referir a ilustre pessoa do Pintor Júlio Resende, como um verdadeiro humanista cristão”, disse o também bispo auxiliar do Porto na homilia, enviada à Agência ECCLESIA.

O prelado recordou a “capacidade invulgar” do artista, refletida em “numerosas obras de arte que enriquecem o património nacional e mesmo internacional”, e salientou a sua contribuição para “o enriquecimento da arte sacra”: “Que belo contributo ele nos deu no nosso caminhar em direção ao absoluto que é Deus”.

“É justa a admiração e gratidão que nesta hora devemos reconhecer por este património espiritual”, do qual “continuamente tirarão proveito sobretudo os crentes para a sua experiência de oração e de vida”, afirmou D. João Lavrador sobre o pintor que nasceu no Porto a 23 de outubro de 1917 e morreu esta quarta-feira em Valbom.

A arte de Júlio Resende, que inclui o vitral do Bom Pastor do Santuário de Fátima (1987) e a decoração da igreja da Senhora da Boavista, inaugurada em 1981 na diocese portuense, “contribui para a consolidação duma beleza autêntica” e dispõe “os ânimos ao sentido do eterno”.

D. João Lavrador recordou a “belíssima expressão” do Papa Bento XVI aquando da visita a Portugal, em maio de 2010, quando na conclusão do discurso ao mundo da cultura, proferido em Lisboa, deixou um convite: “Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza”.

“Nesta ocasião, é forçoso reconhecer não só que o Pintor Júlio Resende fez coisas belas que ficam a tornar o mundo mais humano, mais fraterno, mais justo e verdadeiro, mas tudo isso não poderia exprimir-se se não partisse de uma vida cultivada e alicerçada no dom da beleza”, afirmou o prelado.

A homilia terminou com uma prece dirigida a Cristo: “Imploramos do Senhor, o Bom Pastor, que tão bem foi retratado pelo Pintor Júlio Resende, que o torne participante do Seu Amor Infinito, e o faça gozar a paz plena e a alegria definitiva”.

O presidente da República, Cavaco Silva, enviou uma mensagem de condolências à família do artista, qualificando-o de “grande mestre da arte portuguesa do último século”, enquanto que o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, exprimiu o seu “profundo pesar” pelo falecimento.

“Júlio Resende era uma personalidade de inquestionável valor artístico, ético e humano. Representou Portugal no mundo inteiro partilhando com os outros o valor das suas obras em todas as principais Bienais de Artes Plásticas”, recordou o responsável em comunicado enviado à Agência Lusa.

RJM

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