Arraiolos recuperou capela do século XVI

O Altar-Mor da Igreja Paroquial da Freguesia de Igrejinha, em Arraiolos, foi apresentado este sábado após a obra de restauro e conservação levada a efeito no retábulo, do século XVI, pela equipa técnica presidida por Joaquim Pernas. No programa de intervenção de Conservação e Restauro optou-se por duas directrizes fundamentais: a primeira visou conferir a estabilização física das situações de degradação; a segunda a revalorização estética do conjunto. A estabilização física centrou-se em primeiro lugar na desinfestação das madeiras atacadas por insectos xilófagos; na colagem de alguns elementos da talha em vias de destaque ou destacados; no tratamento de consolidação de toda a estrutura, e na fixação de alguns elementos do Altar que apresentavam problemas estruturais e muito desaprumados. A revalorização estética consistiu no preenchimento de fendas e orifícios; na remoção de todo o material não original, como tintas; vernizes; madeiras; cortiça; etc.; na limpeza de todo o Altar; na execução de elementos da talha inexistente e finalmente a douragem de frisos e talha e o repinte dos marmoreados nos seus locais originais. Foi no entanto imperativo conferir uma linha estética ao Altar consistente e homogénea que se inserisse no conjunto da Igreja, (Púlpito e Altares laterais), tendo sempre como referência o Trono e Camarim, que se encontra original, restabeleceu-lhe assim a sua leitura e harmonização. As técnicas e materiais utilizados, foram eleitos, tendo em conta a sua compatibilidade com o objecto de trabalho, a sua estabilidade ao longo do tempo e a sua reversibilidade. A Igreja Paroquial datada de 1528 é de planta rectangular, possui um nartex de entrada, uma nave única com duas capelas laterais na zona do transepto. Na parte superior do nartex abre-se um varandim com balaustrada em madeira. A nave é coberta de abóbada de meio canhão ornamentada de caixotões, encerrando tabelas em forma de espelhos cilíndricos envolvidos por decorações florais estilizadas, pintura a fresco, barroca, de artistas desconhecidos, estando integrada, pela concepção e risco, na época final do reinado de D. Pedro II. Os alçados estão forrados até à sanca de painéis de azulejos policromados, do tipo tapete, numa repetição infinita de um padrão básico, aqui figurado em dois motivos diferentes, de maçaroca de milho, no piso inferior e de tabelas octogonais, entrançadas e divididas por barras naturalistas no alto, meados do séc. XVII. Uma temática vegetalista e geométrica faz parte desta decoração sensível que anula e sentido racional das estruturas. É uma azulejaria plana sem ponto de fuga que realize o ideal barroco dos espaços infinitos, tendo a policromia (amarelos e azuis) uma função dinamizadora. O efeito visual pretendido é produzido pela repetição dos elementos e efeitos diadonais dispostos na organização da arquitectura. Há assim uma subversão da arquitectura pela decoração. A destacar na nave central o Púlpito, de base redonda em alvenaria, coberto por painéis de madeira com aplicações douradas, quebra-noz de pilastras palmares e o tímpano adosselado de baldaquino do estilo rococó. A Capela Baptismal é de planta quadrada com cúpula hemisférica apoiada em trompas de concha, simples e caiada de branco e azul. A iluminação faz-se por meie de uma pequena lanterneta no cimo da cúpula. Abre para a nave por meio de arce de volta perfeita revestido a azulejo e encerra com portal de madeira colunado de frontão triangular. A pia é de mármore, cilíndrica, sobre uma penha anelada (séc. XVII). Junto ao arco triunfal rasgam-se duas capelas na zona do transepto, ao lado esquerdo a Capela das Almas, de abóbada ogival, decorada com pinturas parietais populistas de temática alusiva ao padroado, foram ordenadas em 1724 pela devoção de Manuel Rodrigues. Este restauro só foi possível graças ao Mecenato oferecido pela Casa dos Coelheiros, detentora dos vinhos “Tapada dos Coelheiros”.

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