Armas, tráfico humano e ambição ameaçam a paz

Especialistas analisam mensagem de Francisco para o Dia Mundial da Paz

Lisboa, 03 jan 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco alerta na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz para o aumento da violência armada, tráfico humano e para a ambição económica desmedida, fatores que podem pôr em causa a paz mundial.

Em artigo de opinião publicado na mais recente edição do semanário digital ECCLESIA, Fernando Roque de Oliveira, presidente do Observatório Permanente sobre a Produção, o Comércio e a Proliferação de Armas Ligeiras dá o exemplo do que se passa na República Democrática do Congo para elogiar o trabalho de “figuras religiosas” que mesmo “perante o eclodir da violência armada têm procurado a proteção indiscriminada dos seus fiéis, ao mesmo tempo que redobram os apelos à paz, ao perdão e à reconciliação”.

Francisco refere-se à difícil questão da proliferação das armas pelo mundo para recordar “a urgência em se chegar a uma prática no comércio internacional de armamentos, nele incluindo o de armas ligeiras e de pequeno calibre, que conduza a um controle efetivo das transações, reduzindo eficazmente a sua proliferação”, sustenta Fernando Roque de Oliveira.

O presidente do Observatório Permanente sobre a Produção, o Comércio e a Proliferação de Armas Ligeiras alerta para a “lentidão” com que tem decorrido os esforços das Nações Unidas para obter um tratado sobre o comércio de armamentos, “adotado, finalmente, em abril de 2013, assinado a partir de junho por 115 países, mas com, apenas, 9 ratificações até ao Natal.

Outro dos assuntos abordados pelo Papa na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz tem a ver com o tráfico de pessoas, tema que a irmã Maria Júlia Bacelar considera “um dos mais profundos atropelos aos Direitos Humanos”.

“O tráfico de pessoas danifica e prejudica a Paz” e é algo que “não se coaduna com a exploração das pessoas, com a ganância a qualquer custo, com o absoluto desprezo pelos seres humanos e a criação” sendo por isso necessário “afirmá-lo até á exaustão, de forma permanente e contundente, sempre, em todas as instâncias, politicas, eclesiais, sociais, para criar uma onda gigante de indignação e de repulsa por este crime contra a humanidade”, apela a religiosa.

“Por vezes, é assustadora a indiferença com que nos deparamos (…) as pessoas não sabem do irmão”, desconhecem a sua dor, a sua solidão, as suas angústias. Mas temos de saber! Temos de querer saber. Temos de procurar saber. É um dever informar-se, interessar-se, implicar-se, agir”, conclui a irmã Maria Júlia Bacelar, membro do Instituto das Irmãs Adoradoras, nesta edição do Semanário Ecclesia.

Na mesma edição, Américo Carvalho Mendes da Universidade Católica Portuguesa, reflete sobre o que diz o Papa a respeito da “redescoberta da fraternidade na economia” centrada nas crises financeiras dos nossos dias.

“Uma consequência do que o Papa aqui diz é que a saída para estas crises exige formas de redistribuição menos desigual do rendimento”, constata o professor universitário, acrescentando que para tal acontecer “é preciso que governantes, empresários, e cidadãos, em geral, pautem os seus comportamentos pelas quatro virtudes cardeais”.

MD

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