Arcebispo Primaz publica nota pastoral com os motivos para se cuidar da vida

O Arcebispo de Braga publicou ontem a Nota Pastoral “Cuidar da Vida – Uma reflexão a caminho do Natal”, na qual afirma que, «num tempo em que a vida é colocada em questão em variadas vertentes e dimensões, é dever da Igreja compreender os seus conteúdos para a defender e promover». O documento arquiepiscopal, para ser lido «individualmente ou em grupo», foi apresentado na igreja paroquial de Ruivães, no concelho de Vieira do Minho, que ontem se tornou “a catedral de Braga” para a missa da abertura solene do ano pastoral 2006-2007 na Arquidiocese. Além do Arcebispo Primaz, nesta Eucaristia também estiveram presentes os Bispos Auxiliares de Braga: D. Antonino Dias, que fez a visita pastoral àquela freguesia situada na fronteira com a diocese de Vila Real, e D. António Francisco dos Santos, que na próxima sexta- feira toma posse da diocese de Aveiro. A nomeação do novo Bispo Auxiliar de Braga só deverá acontecer após o dia 8 de Dezembro. Por enquanto, a visita pastoral às restantes paróquias do arciprestado de Vieira do Minho será feita por D. Antonino Dias, que sábado concluiu a visita a Salamonde e, ontem à tarde, a Campos. A nota pastoral, dividida em seis pequenos capítulos, termina com este apelo: «Caminhar para o Natal pode e deve significar uma redescoberta do valor da vida, um renascer do empenho em cuidar da vida toda e de todos, conferindo autenticidade à Festa da Vida». No documento fala-se dos «espaços que solidificam a cultura da vida», entre os quais estão a família e a escola, e das «situações inquietantes », destacando-se a toxicodependência, o flagelo da sida, a habitação indigna e os sem-abrigo, sem esquecer o desafio da imigração. «A vida no seu ocaso», onde se declara a recusa da eutanásia, e «o desafio ecológico », são os assuntos tratados no final da nota pastoral que, disse D. Jorge Ortiga em Ruivães, «deverá tornar-se referência e preocupação, sempre, mas particularmente nesta etapa em direcção ao Natal», isto é, o Advento que ontem teve início. «O Advento aparece, no ritmo do ano litúrgico – escreveu o Arcebispo de Braga no prefácio daquele documento –, como momento favorável para um encontro com a vida uma vez que o Natal convida ao encontro com Cristo, vida do mundo. Ele que é a Vida veio para que todos tenham vida. Acolher a Sua pessoa torna-se, assim, responsabilidade para que a vida seja respeitada em todas as suas dimensões e conteúdos». «O sentido pragmático e fragmentário da sociedade actual pode levar-nos a enveredar por prestar atenção a aspectos importantes mas que não encerram uma verdadeira descoberta da beleza do viver. Seremos capazes de responder a determinados desafios quando a vida toda e de todos tiver valor para os cristãos», diz também D. Jorge Ortiga na “apresentação” da nota pastoral com claras orientações para os fiéis a poucos meses da realização de mais um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. Todavia, o documento não se restringe a este aspecto. Prova disso é o elenco das «múltiplas e crescentes situações preocupantes indicadoras de uma disseminada cultura da morte que atinge indivíduos, grupos e povos» – elenco feito logo no início da nota pastoral e do qual fazem parte o terrorismo organizado, «alimentado por cegos interesses político- -económicos ou por exarcebado fanatismo religioso»; o tráfico de seres humanos; a exploração sexual de crianças e adolescentes; o racismo e a xenofobia, «tantas vezes assumidos como opção ideológica »; e as «gritantes desiguldades económicas, culturais, sociais e tecnológicas que impedem a tantos o acesso condigno à alimentação e à água potável, aos cuidados de higiene e de saúde, à educação e ao desenvolvimento». «A frustração, o tédio e o vazio existencial» de muitos jovens é outra das situações preocupantes indicadas, assim como a solidão e o abandono dos idosos, «encarados como peso porque já não produtivos ». «Estes e tantos outros sinais inquietantes desafiam todos e cada um a serena e aprofundada reflexão que faça emergir profetas da vida, protagonistas apaixonados da cultura da vida», diz ainda o Arcebispo Primaz na introdução ao documento publicado com a finalidade de «suscitar atitudes de maior acolhimento do dom da vida». A reflexão provocada por «uma leitura atenta, individualmente ou em grupo», deverá ser feita sobretudo no seio das famílias e nas comunidades paroquiais, também elas família de famílias. Se tal acontecer, isso já será um sinal de que o novo ano pastoral está a ser encarado «com empenho renovado», disse ontem o Arcebispo de Braga em Ruivães. Falando nesta paróquia situada longe de Braga, mas dirigindo-se a toda a Arquidiocese, D. Jorge Ortiga lembrou que o ano pastoral ontem solenemente iniciado – nos próximos anos, será no primeiro Domingo de Outubro – tem “Família solidária” como lema. Um lema que aponta para «um único caminho a percorrer» tendo em conta quatro dimensões que podem ser «fonte de muitas e variadas iniciativas», explicou o prelado. A participação das famílias na Eucaristia dominical; a atenção das comunidades paroquiais aos casais com dificuldades e problemas que quotidianamente surgem; e a criação de momentos e espaços de encontro e partilha, na família e nas paróquias, estão entre os objectivos do programa pastoral cuja con-cretização – alertou ontem D. Jorge Ortiga – não depende só dos párocos, mas também do compromisso e empenho dos leigos (catequistas, membros dos conselhos pastoral e económico, movimentos, grupo coral, grupo de jovens…). Desdobrável complementa nota pastoral Além da nota pastoral, o Arcebispo de Braga também apresentou um desdobrável com uma mensagem- apelo, no qual também se dá conta dos movimentos de leigos da pastoral familiar em actividade na Arquidiocese: Equipas de Nossa Senhora, CPM – Centro de Preparação para o Matrimónio, MEV – Movimento Esperança e Vida, SEDC – Serviço de Entreajuda e Documentação Conjugal, Movimento por um Lar Cristão, Cooperadoras da Família, Vida Ascendente e Associação Famílias. No desdobrável – explicou D. Jorge Ortiga na igreja paroquial de Ruivães, onde foram crismados cerca de três dezenas de jovens – «quisemos colocar uma figura materna a abraçar uma criança. Não ignoramos o papel do pai mas não se pretendeu referir, neste quadro, a família. Pretendeu-se sublinhar a urgência de comunidades cristãs com coração, onde a ternura e o carinho se encontram com os mais abandonados tornando a comunidade bela como a fotografia que escolhemos». A visita e apresentação de instituições ligadas à Igreja cuja acção se inscreve na chamada cultura da vida também marcou a jornada em que a Arquidiocese de Braga assinalou o início do Tempo do Advento e a abertura solene do ano pastoral 2006-2007

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