D. Manuel Monteiro de Castro homenageado na sua terra natal
O Arcebispo português Manuel Monteiro de Castro, nomeado no passado mês de Julho como novo Secretário da Congregação para os Bispos, na Cúria Romana, chegará ao Vaticano a 9 de Setembro. No dia seguinte, será recebido por Bento XVI.
D. Manuel Monteiro de Castro desempenhava desde 2000 o cargo de Núncio Apostólico em Espanha e Andorra. Em declarações ao Programa ECCLESIA, o Arcebispo falou da sua experiência e disse que “procurei sempre fazer aquilo que devia fazer”. A nomeação de Bento XVI, diz, significa que o mesmo “valorizou ao máximo” o seu trabalho.
Na história fica um “almoço” de três horas com o primeiro-ministro Zapatero para falar de “todos os problemas” que afectavam as relações Igreja-Estado.
“Tenho boas relações com os políticos de todos os campos, porque o Núncio é o representante do Papa, da Santa Sé, e tem uma missão para com a Igreja e outra missão diplomática”, assinala o Arcebispo.
“Um bom diplomata é aquele que consegue boas relações entre o governo que representa e o governo que os cidadãos elegeram”, prossegue D. Manuel Monteiro de Castro.
Este Domingo, na sua terra natal, D. Monteiro de Castro foi homenageado por centenas de paroquianos, sacerdotes e autarcas, entre os quais o presidente da Câmara de Guimarães.
O Arcebispo diz que a sua vida se centra em três pontos “muito importantes”: “Trabalhar, ler e rezar”. “Esse foi o meu lema de sempre e levei-o desde aqui. Será também o meu lema em Roma”, assinala.
Sobre aquilo que o espera no Vaticano, D. Manuel Monteiro de Castro mostra-se pronto para trabalhar “sempre” com os Bispos portugueses, “porque há sempre relações entre os Bispos e o Papa”.
Em relação ao método de escolha de Bispos, apesar de admitir que “tudo é discutível” e que há coisas “a melhorar”, o novo Secretário da Congregação para os Bispos entende que “é o melhor”.
Ainda em conversa com os jornalistas, o Arcebispo português comentou os projectos legislativos que pretendem a equiparação das uniões homossexuais ao casamento, defendendo que “há uma instituição muito bem definida, o matrimónio, que não convém tocar-lhe”, prejudicando “90 ou 95 por cento da população”.
“Não confundamos as coisas. Há uma instituição bem definida, deixem-na estar. É um erro fazê-lo (autorizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, ndr)”, disse, pronunciando-se como “cidadão português”.
Vida ao serviço da Santa Sé
D. Manuel Monteiro de Castro, de 71 anos, tem uma longa experiência diplomática ao serviço da Santa Sé, que já o fez passar por países como Panamá, a Guatemala, o Vietname, a Austrália, o México, a Bélgica, Trinidad e Tobago ou África do Sul. Em 2007 foi nomeado pelo Papa como observador permanente do Vaticano para a Organização Mundial do Turismo.
Arcebispo titular de Benavento desde 1985, é doutorado em Direito Canónico e ocupava desde esse ano funções como “embaixador” do Papa em diversas nações. Deixou Portugal em 1961 e nunca trabalhou no nosso país, embora mantenha uma relação próxima com a sua terra. Segue agora para a Cúria Romana.
Com raízes que remontam a 1588, a Congregação para os Bispos ocupa-se das matérias que se referem “à constituição e à provisão das Igrejas particulares”, como a nomeação de Bispos, bem como ao exercício da missão de cada Bispo na Igreja Latina, à constituição das Conferências Episcopais e à revisão dos seus estatutos. É também seu dever a erecção dos Ordinariatos Castrenses, para o cuidado pastoral dos militares.
Predispõe ainda tudo o que se refere às visitas “ad Limina” dos Bispos de todo o o mundo, examinando os seus relatórios e transmitindo aos Bispos diocesanos as conclusões referentes à própria diocese.
O Secretário, com a colaboração do subsecretário, ajuda o Prefeito do Dicastério, neste caso o Cardeal Giovanni Battista Re.