Arcebispo de Braga quer pastoral familiar com «menos moralismos»

Senhora da Penha ostentou coroa e medalha de ouro O Arcebispo Primaz disse ontem, no santuário da Penha, em Guimarães, que «a condição para que as famílias acolham o dom de Deus está no compromisso duma pastoral que oferece mais Palavra de Deus e menos moralismos». «Sabemos que persiste a fome de pão mas o mundo necessita – e começa a manifestá- lo – da Palavra. É esta que as comunidades devem anunciar e celebrar», indicou D. Jorge Ortiga, que presidiu à missa campal da peregrinação anual à Penha, caminhada que assinala o início de um novo ano pastoral. Ontem, a imagem de Nossa Senhora chegou ao santuário com uma coroa de ouro e de pedras preciosas, que não era exposta ao público há mais de 20 anos, recebendo, no final da peregrinação, a Medalha de Ouro da Cidade atribuída pela Câmara Municipal à Irmandade da Penha, no passado mês de Junho. A comemoração de várias efemérides, entre as quais o 60.º aniversário da inauguração do santuário, foi o motivo para a entrega desta medalha. «Espero que a Penha seja uma torre esplendorosa a mostrar os dons de Deus e a suscitar compromissos para, através das famílias, criarmos um mundo melhor», disse, a propósito, D. Jorge Ortiga no final da homilia. Senhora da Penha ostentou coroa e medalha de ouro Arcebispo quer pastoral familiar com «menos moralismos» Na sua intervenção, o Arcebispo de Braga indicou os caminhos que a diocese e as paróquias devem percorrer no terceiro ano dedicado à pastoral familiar. «No itinerário delineado, de trabalho sobre a família, este ano queremos recolher quanto semeamos durante dois anos para dar profundidade a uma pastoral familiar verdadeiramente interpelativa. Se os anos anteriores foram de alheamento ou sonolência – infelizmente, sei que é isto que acontece em algumas comunidades –, devemos aproveitar o tempo perdido e acreditar que ainda vamos a tempo. Assim o queiramos», afirmou D. Jorge Ortiga. «O programa pastoral – acrescentou – não é opção facultativa. É algo normativo que os cristãos, assim como as comunidades paroquiais e todas as instituições eclesiásticas, nomeadamente as irmandades, devem interpretar», vincou o prelado. Para que isso aconteça, aconselhou D. Jorge Ortiga, os casais e as paróquias devem parar, sentar-se para dialogar, efectuar «um pouco de silêncio para ouvir Deus, no meio de tanta confusão comunicada por todos os meios». Porque, justificou, «as coisas de Deus não se demonstram nem passam pela publicidade. Vivem-se e quanto mais se interiorizam mais felicidade proporcionam». O Arcebispo Primaz foi mais explícito, pedindo-lhes que não iniciem o novo ano pastoral «entrando na corrente do sempre igual». «Ousem parar – disse – para, em comum, em Conselho Pastoral, e envolvendo todas as pessoas empenhadas, compreender o que importa realizar para que as famílias todas, mesmo aquelas indiferentes, tenham o que é necessário para compreender o dom que Deus é para elas e empenhar-se em compromissos de quem acredita que o futuro da humanidade passa pela família». Isso exige, continuou, o «encontro com a Palavra de Deus», que, observou, «muita gente está a descobrir». «Sem moralismos », concluiu D. Jorge Ortiga, ela «liberta e sugere caminhos de autêntica realização humana». O Arcebispo Primaz, baseando- se numa das leituras bíblicas ontem lidas na missa, disse ainda que «quase sempre ostentamos a bandeira das obrigações, com exigências permanentes, e não pensamos naquilo que a comunidade paroquial deve proporcionar». E que «há comunidades paroquiais que só esperam, quando deveriam ir ao encontro de todas as famílias com iniciativas estimuladoras da vivência da vocação matrimonial para este viver, na alegria, como “irmãos muito queridos”». «Maria, em Caná da Galileia, mostrou um carinho e uma ternura muito grande por aquela família. Que Ela suscite em todos os sacerdotes e em todos os cristãos empenhados, individualmente e em grupos, uma paixão pela família. A família é– concluiu D. Jorge Ortiga, citando o Evangelho de ontem – a torre a edificar pelas comunidades paroquiais».

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