Centenas de mortos na sequência de confrontos na cidade de Jos
O Arcebispo de Jos, na Nigéria, criticou o governo do país por causa dos confrontos entre cristãos e muçulmanos, dos quais resultaram quase 500 mortos nos últimos dias. D. Ignatius Ayau Kaigama lamentou ainda a cobertura dos media nacionais e da imprensa internacional.
Em declarações à organização católica “Ajuda à Igreja que Sofre “, o Arcebispo defende que as notícias divulgadas apenas têm “inflamado” os conflitos ao passar informações “falsas” e publicar imagens violentas. Para D. Kaigama, esta abordagem é “contraproducente”.
O prelado lamenta que os cristãos sejam retratados como agressores e lembra que em relação à onda de violência iniciada a 17 de Janeiro, os factos continuam a estar por esclarecer.
O Arcebispo Kaigama defende que os confrontos não estão directamente com a religião, mas com conflitos “sociais, políticos e étnicos”.
“O governo nigeriano não conseguiu providenciar às pessoas qualquer tipo de segurança social”, esclarece, frisando que uma larga maioria dos jovens não tem qualquer perspectiva de futuro.
Este responsável sublinha que muitos serviços sociais são providenciados pela Igreja, suportados por donativos do estrangeiro.
Depois de vários dias de conflitos, a calma parece ter regressado à cidade partilhada por cristãos e muçulmanos. As autoridades nigerianas permitiram esta Quarta-feira que milhares de residentes de Jos voltassem às suas casas.
Cerca de 460 mortos, mais de mil feridos e milhares de desalojados foram os resultados de um conflito que começou quando um grupo de muçulmanos incendiou uma igreja católica durante a missa dominical.
D. Ignatius Ayau Kaigama considera que há uma tendência para a violência que é explorada “por líderes políticos e religiosos”, muitas vezes nascido por causa de conflitos étnicos entre diferentes grupos tribais.
A Igreja Católica, acrescentou, tem de continuar a dialogar com o Islão e intensificar esse diálogo.
A violência nesta região do centro da Nigéria levou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a reagir com “preocupação”, apelando a uma solução pacífica dos diferendos.