D. Francois-Xavier Maroy denuncia actos de crueldade praticados principalmente sobre a população civil no Leste do país O Arcebispo de Bukavu (República Democrática do Congo), D. Francois-Xavier Maroy, denunciou o risco de massacres na RDC, alertando para uma série de ctos de crueldade, praticados principalmente sobre a população civil no Leste do país. O risco de uma repetição do que aconteceu no Ruanda paira sobre o local. Numa carta divulgada pela Antena Portuguesa Fé e Justiça África-Europa (http://portugal.aefjn.be/), o Arcebispo estima que a região será palco de atrocidades e de uma nova guerra que fará vir à memória os horrores que aí foram praticados há poucos anos. A República Democrática do Congo está a meio da recuperação de uma década de guerra civil e regional, que custou a vida de mais de 3,5 milhões de pessoas, na sua maioria civis. Pelo menos 29 civis foram massacrados no final de Maio por rebeldes hutus das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (TPIR), que atacaram aldeias da área de Kanyola, 27 quilómetros a Oeste de Bukavu (capital da província congolesa de Kivu Sul). O Arcebispo de Bukavu lança um grito de alarme e pede à Comunidade Internacional que intervenha para evitar essa guerra destruidora que irá arrasar o Norte e o Sul de Kivu. “Presentemente, sobre as nossas aldeias e cidades paira a psicose da guerra. De acordo com a percepção do nosso povo estão reunidas todas as condições para o desencadear de uma nova guerra no Kivu-Sul”, escreve. Segundo D. Francois-Xavier Maroy, há um movimento de infiltração massiva e sistemática proveniente do Ruanda nos lugares fronteiriços do Rio Suzizi, Uvira, Nyangezi e Kaza-Roho até Cahi Bukavu. “A distribuição dos corpos militares é exactamente idêntica à que precedeu o desencadear da guerra pela RDC em 1998”, alerta. Lembrando massacres anteriores, este responsável indica que “tal como em 1996, o nosso exército regular em plena reestruturação é incapaz de defender a população”. “Os banyamulenge (tutsis, ndr) são usados como instrumentos para provocar a guerra: de acordo com algumas testemunhas, as mulheres e as crianças fogem para os países vizinhos, deixando os homens sozinhos nos planaltos do Kivu-Sul”, relata. Para o Arcebispo, o governo da República Democrática do Congo, diante da ameaça de uma nova guerra e mesmo ante os massacres repetidos da população civil, “em vez de solucionar o problema que é da ordem da segurança e militar, convida as pessoas para uma mesa redonda « inter-comunitária »”. “Os Interhamwe, os Rasta e as TPIR, responsáveis pelos massacres, todos usam o Kinyarwanda (língua oficial do Ruanda, ndr) como língua principal. Foram escorraçados para o Leste da RD Congo pela Comunidade Internacional após o genocídio ruandês. Quando é que estes indivíduos, verdadeiros terroristas no país que os acolhe, vão ser repatriados ?”, pergunta D. Francois-Xavier Maroy. Na sua missiva, o Arcebispo pede que a missão das Nações Unidas para a República Democrática do Congo (MONUC) “confortada pela última decisão da ONU que prolongou o seu mandato até Dezembro de 2007, não se furte à sua tarefa e sobretudo que não pactue com o inimigo e se comprometa com a protecção da população civil, de acordo com o seu novo mandato”.