Diversidade não assusta os cristãos, sublinha padre José Tolentino Mendonça
Lisboa, 14 nov 2012 (Ecclesia) – O padre e poeta José Tolentino Mendonça, responsável pela relação da Igreja Católica em Portugal com a cultura, considera que o país “precisa de lógicas de aproximação e encontro” entre diferentes correntes de opinião.
“Unirmo-nos a partir do essencial é um grande contributo de esperança”, afirmou ao programa ECCLESIA transmitido esta segunda-feira na RTP-2, a propósito do “Átrio dos Gentios”, plataforma para promover o diálogo entre crentes e não crentes que sexta-feira e sábado vai debater “O valor da vida” em Guimarães e Braga
“Não há tema que mais nos aproxime do que o da vida”, salientou o sacerdote, que intervém num dos seis que painéis previstos para as capitais europeias da Cultura e da Juventude em 2012.
O “átrio” pretende ser uma “espécie de lugar comum onde o diálogo é possível sem constrangimentos de parte a parte”, possibilitando que a questão de Deus seja colocada de “forma serena, harmoniosa e congregadora no debate do espaço público”, explicou o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
[[v,d,3571,]]“A diversidade não nos assusta”, frisou, acrescentando que “o cristão é uma junção de culturas muito diferentes”, e por isso “está habilitado, pela sua própria crença, a dialogar com um mundo fragmentado”.
O biblista, que desde outubro é um dos vice-reitores da Universidade Católica Portuguesa, acredita que “a diferença não é uma ameaça mas um caminho que, mesmo sendo mais longo, é também mais rico e abre ao sentido de Deus e do homem”.
O Átrio dos Gentios, estrutura da Igreja Católica criada pelo Vaticano para promover a relação entre crentes e não crentes, tem na sua génese o “diálogo”, que “não é apenas um motivo ornamental do discurso eclesial mas tem de continuar a ser uma prática efetiva”, vincou.
O sacerdote madeirense sublinhou que “importa recuperar o exercício”, concretizado durante o Concílio Vaticano II (1962-1965), “de a Igreja não apenas se dirigir ao mundo mas perguntar-lhe o que pensa sobre ele próprio e sobre a Igreja”.
Esta “auscultação profunda”, observou, “pode ajudar a Igreja a tornar-se mais fiel a ela mesma”, desde que o diálogo se realize “na verdade dos interlocutores” e sem recorrer a “convergências pontuais e artificiais”.
A realização do Átrio dos Gentios em Guimarães e Braga oferece à Igreja a possibilidade de contribuir para a “grande celebração e renovação da cultura” que está a acontecer nas cidades minhotas, assinalou o padre Tolentino Mendonça.
PTE/RJM