Nota Pastoral de D. Gilberto Reis, Bispo de Setúbal Caros diocesanos, padres, leigos e religiosos/as. Este ano pastoral encerra um ciclo de três anos dedicados à Eucaristia. Há dois anos, aprofundando o mistério da Eucaristia em que Jesus se dá ao Pai por nós, vimos a necessidade de insistir na adoração do Senhor na Eucaristia. No ano passado, cuidámos da sua preparação, com incidência no sacramento da reconciliação; na formação de leitores, acólitos…; no acolhimento e cultura do silêncio orante. Neste ano, queremos aprender a viver de forma eucarística toda a semana e em toda a parte, sem separar a vida, da Eucaristia e fazendo dela o cume e a fonte da vida cristã. A conversão do pão e do vinho no corpo e sangue de Jesus lembra e antecipa a conversão de todas as coisas em Cristo, no fim dos tempos. Jesus Ressuscitado presente no Pão e no Vinho consagrados prefigura o mundo futuro e tem o poder de gerar, santidade, comunhão, amor de gratuidade, justiça, homens novos, como disse na exortação “Setúbal, vive da Eucaristia – mistério de fé, de comunhão e missão” (n.os 12-18). Quem comunga Jesus Ressuscitado, pelo Seu Espírito, é capacitado e atraído para viver unido e configurado a Cristo e reunido aos que vivem em Cristo; é capacitado e atraído para dizer com Jesus: “Pai, faça-se a tua vontade e não a minha”; é capacitado e atraído para proclamar com Jesus a todas as pessoas o amor pessoal de Deus, lavando-lhes os pés, isto é, retirando-as do pecado e da miséria e revestindo-as de santidade; é capacitado e atraído para ser anúncio e fermento da vida nova e eterna a que a humanidade está chamada. O católico, por isso, não pode viver sem a eucaristia dominical. Mas também não pode ficar tranquilo se vai à missa e não se deixa configurar sempre mais com Jesus. Seria uma aberração comungar Jesus e, depois, viver sem procurar descobrir e cumprir a vontade de Deus; sem anunciar o Seu amor por cada pessoa; sem fazer tudo para ir ao encontro dos pobres, aflitos e excluídos para os defender e elevar; sem procurar crescer em comunhão eclesial. E, todavia, estamos sujeitos a cair no perigo e na desgraça de separar a vida da Eucaristia, vivendo na tibieza, na divisão, no egoísmo, na insensibilidade aos dramas humanos e conformados com este tempo! Que fazer para não cair neste perigo? Que fazer para que das nossas eucaristias jorre mais santidade, comunhão, justiça e ardor evangelizador? Queremos, neste ano, aprender a viver eucaristicamente. Este é o primeiro e o grande objectivo do nosso plano pastoral, já divulgado há meses. O segundo, inseparável deste, é estar atentos à incidência da Eucaristia na consciência vocacional, na evangelização das famílias; e no cuidado dos pobres, dos desprotegidos e dos imigrantes. Confio este projecto pastoral, (que recebe um novo impulso da decisão do Santo Padre de dedicar este ano à Eucaristia), à criatividade e à generosidade de todos os diocesanos – padres, leigos, religiosos – bem como a todos os responsáveis pelos movimentos e serviços diocesanos Em primeiro lugar peço aos sacerdotes que ajudem as comunidades pelos modos mais apropriados, – sem esquecer o recurso ao Conselho de Pastoral e à criação dum grupo para preparar a eucaristia de cada domingo, – a viver melhor a Eucaristia e em eucaristia. Lembro-lhes também que nós, os pastores, (para lá do dever de ser modelo de gente que vive da Eucaristia), seríamos loucos se, repartindo o Pão da Vida, não nos deixássemos transformar por esse pão divino, em Cristo. Aos secretariados diocesanos, muito especialmente aos secretariados da acção social e caritativa, das vocações e da família, peço que ao longo do ano, e no âmbito da sua programação, ofereçam às comunidades, apoios que as ajudem a aprofundar a relação entre a Eucaristia e os aspectos da vida eclesial enunciados no nosso plano e programa pastoral. Ao secretariado da educação cristã e a cada catequista (a quem a diocese tanto deve no âmbito da iniciação da Eucaristia!) solicito o maior zelo em ajudar as crianças, os adolescentes e os pais a participarem na Eucaristia e em levar os educandos, de vez em quando, ao sacrário para conversar com Jesus. E que cada catequista viva da Eucaristia. Peço ainda aos responsáveis pelos movimentos (a começar pelo CNE) e obras que ajudem os seus membros a viver em eucaristia. Para lá daquilo que a vossa criatividade ditar e que os secretariados proponham, convido a todos a reler a minha exortação pastoral Setúbal, vive da Eucaristia…, bem como a carta do Santo Padre “A Igreja vive da Eucaristia”. Recomendo ainda a releitura da carta pessoal que escrevi ao clero e aos ministros intervenientes da Eucaristia, durante o Congresso. Não queria terminar esta nota pastoral sem referir, mesmo que levemente, dois acontecimentos para os quais peço a vossa atenção e colaboração e que também nos podem ajudar a viver de forma eucarística. O primeiro é o encontro internacional de jovens que a comunidade de Taizé vai realizar no Parque das Nações em Lisboa de 28 de Dezembro a 1 de Janeiro. O responsável pela Pastoral da Juventude dará informações sobre ele. Por mim, bastará dizer que conto com todos, jovens ou não, para ajudar os nossos queridos jovens a participar no Encontro referido. Estou certo de que será uma experiência enriquecedora. O outro acontecimento é a peregrinação diocesana a Fátima em 16 de Julho de 2005, para dar graças a Deus, com Nossa Senhora, pelos 30 anos da diocese e pela conclusão destes anos dedicados à Eucaristia. Deste modo, este triénio abre e fecha sob o olhar de Nossa Senhora, que é mestra e do cristão e da Igreja que vive da e em eucaristia. Despeço-me, louvando a Deus nosso Pai por cada um de vós e pelo tempo de graça que Deus nos oferece com este novo ano pastoral. † Gilberto, Bispo de Setúbal