Apostar numa política de «verdade»

Numa altura em que o país se prepara para ir a votos, o professor José Maria Rosa dá a receita para criar um clima de «confiança» entre partidos e cidadãos

Lisboa, 31 mai 2011 (Ecclesia) – O professor José Maria Rosa considera que o clima de “confiança política” que Portugal precisa, para ultrapassar a crise, só se tornará possível quando os líderes políticos seguirem a via da «verdade».

“Um sério problema das atuais democracias, mesmo das mais maduras, é o modo como a comunicação e o marketing políticos incorporaram a pura mentira de modo a justificar decisões” realça o investigador da Universidade da Beira Interior, na edição desta terça-feira do Semanário ECCLESIA.

Num texto intitulado “a verdade e a política”, incluído no dossier desta semana e dedicado às eleições do próximo dia 5 de junho, José Maria Rosa sustenta que o fosso que divide cidadãos e poder político não está baseado na existência de uma “pluralidade de opiniões” ou sequer nas “diferentes respostas acerca do que é a verdade”.

“O que destrói a relação de confiança política são, em primeiro lugar, a mentira, a perfídia, a hipocrisia, a injustiça e o cinismo de quem nem sequer escuta o que o outro tem para dizer” aponta o docente.

Os governantes são também criticados por recorrerem à “omissão” dos factos, escudados na convicção de estarem a lidar com “cidadãos impreparados”.

“Para superar uma situação de crise, um político pode convencer-se (com maior ou menor grau de má-fé) que o melhor é não falar dela” acrescenta o investigador, para quem “os fins nunca justificam os meios”.

No seu entender, as dificuldades que Portugal atravessa não podem dar azo a que se “branqueiem opções erradas, ilegalidades, clientelismo, corrupção, manipulação de informação e falta de transparência da justiça”.

José Maria Rosa conclui salientando que esta política de verdade, para resultar, deverá ser acompanhada de “órgãos de informação independente, veraz, rigorosa e plural, que permitam a correta formação da opinião e da consciência dos cidadãos”.

JCP     

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