A piedade popular é um tesouro no seio das comunidades, mas deve ser aperfeiçoado para que as manifestações de fé não sejam mal interpretadas. Esta ideia foi deixada, dia 8 de Setembro, pelo Bispo de Viana do Castelo, na Eucaristia de encerramento das comemorações do IV Centenário do Santuário de Nossa Senhora dos Milagres, em Monção. D. José Augusto Pedreira aproveitou a ocasião para defender que os santuários são “pérolas” que se podem transformar em autênticos “tumores” se caminharem desgarrados da paróquia e da diocese em que se inserem. No dia em que a população de Cambeses (Monção) se juntou para assinalar uma devoção que já dura há quatro séculos, o prelado explicou que a Igreja respeita a “fé e a maneira que as populações encontraram de a exprimir”, embora, por vezes, quem está de fora seja “incapaz de entender o que vai no coração” das pessoas. Para evitar que genuínas manifestações de fé sejam incompreendidas, o Bispo de Viana defendeu que a piedade popular deve ser “aperfeiçoada” “A piedade popular é um dom a respeitar, promover e elucidar. Temos de fazer uma caminhada de fé, para que a sua expressão externa seja perceptível para as novas gerações. Há pequenas coisas que temos de aperfeiçoar e rectificar porque há actos que podem ser mal interpretados” – afirmou. Na mesma linha, disse que os santuários são “pérolas, mas também factores de risco”. Ao mesmo tempo que estes lugares de culto condensam em si a memória histórica da comunidade, são testemunhas da fé de um povo e garantia do seu futuro, também podem ser “tumores que é necessário extirpar” quando caminham sozinhos. “Os santuários não podem ser independentes da paróquia ou diocese” – salientou. D. José Augusto Pedreira considerou que os santuários têm que “corresponder a determinadas exigências”, para que sejam locais modernos de evangelização e catequese. “Eles devem ser lugares em que se possibilite a participação nos sacramentos. As esmolas que se dão nesses lugares não se destinam a fazer obras imponentes e festas, mas a assegurar a existência de ministros e de ministérios” – declarou.